Pensem nos quatro episódios que vou lhes contar. Demonstram o modo como diferentes pessoas se relacionam com seu próprio lixo.
Estava eu sentada no ônibus ,junto à janela, quando uma senhora bem posta sentou-se a meu lado. Trazia na mão um enorme sanduíche envolto em inúmeros guardanapos além da embalagem da lanchonete onde adquirira seu almoço. Comeu deixando cair pedaços de alface, batata palha, migalhas regadas em molho e maionese. Terminada a refeição, embolou os restos e passando o braço na minha frente atirou tudo pela janela. Naturalmente eu me rebelei, mas chamei sua atenção o mais educadamente possível. Ela atacou-me aos berros, muito indignada.
Em outra ocasião, estava eu esperando o sinal abrir para mim na esquina das Ruas Voluntários da Pátria e Real Grandeza quando o Guarda Civil que controlava o trânsito simplesmente jogou no chão o invólucro do picolé que acabara de chupar. Ele estava parado a um metro da lixeira. Toquei no seu ombro e delicadamente mostrei-lhe o papel e perguntei se ele não trabalhava para a Prefeitura e se achava certo o que havia feito. Sua reação foi de espanto e disse: “Desculpe, Senhora “ , apanhou o papel e jogou-o na lixeira.

O terceiro episódio ocorreu na minha sala de aula. Meus alunos cursavam o último ano do ensino médio e todos se preparavam para o vestibular. Seriam universitários no ano seguinte. Ao entrar na sala, pedi que recolhessem seus lixinhos do chão para que eu pudesse começar a aula. Eles e elas “acharam graça” e o mais desinibido entre eles me fez a seguinte pergunta: “Professora, por que a senhora se preocupa tanto com essas coisas”? E ele mesmo respondeu: ISSO E CULTURAL!
Para encerrar a história eis o quarto episódio: caminhava eu pela Rua Voluntários da Pátria quando reparei numa senhora idosa que carinhosamente conversava com seu netinho de talvez três anos de idade. O menino segurava com a mãozinha melada de chocolate, um papel e um palito do picolé. Sorri para os dois. A vovó então me disse, com um forte sotaque português: ”O pequenino está a procurar uma lixeira. Sabe a senhora, se não os ensinarmos desde pequenos...”.
É, não podemos nos cansar de dar exemplo e de repetir um milhão, dois milhões ou quantos milhões de vezes for necessário: LIXO É NO LIXO.
Agnes G. Milley
Um comentário:
Olha só, Agnes querida, um outro lugar que a gente cansava de ver o chão cheio de lixo era no cinema após a sessão anterior.
Claro que havia pessoas educadas(ingáu Iêu!)que levavam seus próprios saquinhos vazios pra ir enchendo durante a sessão e guardar na própria bolsa. Agora o que reparo em muitos cinemas, como o ESTAÇÃO SESC IPANEMA, é que fica uma atendente na porta com um SACÃO de lixo na mão, pra gente colocar o lixo dos copos, sacos de pipoca, etc.
Se em todas as salas de cinema fizerem isso, já estamos nos educando melhor e deuxando o bom exemplo para as próximas gerações de cinéfilos!
Bjssssssss,
Patricia
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