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domingo, 17 de junho de 2012

Aprendendo com os outros – o brinquedo e o aprendizado


Colaboração de Agnes Gabriella Miley
Lev Semenovich Vigotsky nasceu em 1896 em Orsha, cidade que atualmente situa-se em Belarus, tendo desenvolvido estudos interessantes e profundos sobre a aprendizagem. Infelizmente, suas obras só recentemente puderam ser analisadas, e mostram a genialidade de um pesquisador que faleceu tuberculoso em 1934, com apenas 38 anos. Para esse cientista, um indiscutível meio de aprendizagem é o brinquedo, sobretudo as brincadeiras do tipo “faz de conta”, como o brincar de casinha, ônibus, escolinha ou cavalgar em um cabo de vassoura. Vigotsky exemplifica: “quando se pede a uma criança de dois anos que repita sentença ‘ Tânia está de pé’  quando Tânia está sentada à sua frente, ela mudará a frase para ‘Tânia está sentada’, não sendo capaz de operacionalizar um significado com uma informação perceptual. Mas, ao brincar de faz de conta, a criança penetra na espacialidade imaginária e a situação definida pelo significado da brincadeira é facilmente apreendida”. Ao brincar, por exemplo, cavalgando um cabo de vassoura, se relaciona com o significado em questão (a ideia do cavalo) e não com o objeto que tem em mãos.
 O brinquedo, assim, provê uma situação de transição entre a ação da criança com objetos concretos e sua ação sobre seus significados, comportando-se, desse modo, de forma mais avançada que a habitual para sua faixa etária.  Pág. 39/40 (A construção do afeto ).
Com relação a brinquedos, Celso Antunes diz, na pág. 130 do mesmo livro: (...) Outra regra simples, mas de inquestionável importância, é não presentear a toda a hora com  brinquedos adquiridos em lojas. Invente seus brinquedos e lembre-se de que o melhor cavalo que uma criança pode ganhar será sempre o cabo de vassoura colorido pelo entusiasmo dos pais. Guarde para o aniversário e as grandes datas festivas os presentes mais elaborados, para que os filhos valorizem a simplicidade e aprendam a não confundir carinho e amizade com objetos materiais.

Um comentário:

Patricia disse...

Quantas lembranças de infância me voltaram ao ler esse texto tão rico!
Já fui "Emília" muitas vezes no nosso sítio, quando eu fantasiava estar morando no SÍTIO DO PICA PAU AMARELO! Se fazia uma malcriação, já ouvia a observação dita em voz engraçada da minha mãe: A Emília chegou!

Lembro que já fui o "pirata da perna de pau/olho de vidro e cara de mau" num baile à fantasia para crianças, num navio que nos levava aos EEUU para conhecer nossos parentes americanos nas férias. Assumi meu papel com tanta seriedade, COM TAMPÃO NUM OLHO,FAZENDO GESTO COM A MÃO SOBRE O OUTRO OLHO,levando um baúzinho na mão, pra parecer que estava avistando um TESOURO ao longe! Foi uma gargalhada geral na plateía, ao verem circular pelo salão aquela "piratinha malvada" BEM RUIVA e SARDENTA ainda, aos 8 aninhos...COMO ME DIVERTIA com aquelas brincadeiras tão aplaudidas pelos adultos!Fantasias improvisadas com lenços coloridos, papéis de vários tipos e texturas, tudo "construído por nós mesmos" para parecer verdadeiros!

A última "incorporação" de personagem que lembro, ainda no início da adolescência, foi ao ser JUIZA num TRIBUNAL representado pela turma toda: umas 30 alunas e a fessora sendo O PÚBLICO e mais umas 2 ou 3 alunas nos outros papéis dos personagens numa sala de Juri. Fiquei muito impressionada pelo meu "poder" quando na habitual turma tagarela,TODOS FICARAM EM SILÊNCIO RESPEITOSO ao verem a JUÍZA subindo no estrado mais alto,o meirinho anunciando sua chegada, dizendo: "TODOS DE PÉ"! e a seguir, a "juíza" BATENDO O MARTELO dando início à sessão"(mesmas frases nos seriados de TV!). Vou tentar ler mais sobre esse assunto,do artigo da postagem de hoje no Blog!Quanta diversão saudável sem gastar dinheiro!

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