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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

EXAME NECESSÁRIO (E INDOLOR)

Por Maria Teresa Serman

Ninguém se deixa examinar por gosto. E muito menos se auto-examina por prazer. A tendência é descobrir o que não queria ver. Porém, é necessário para cuidar da saúde. Aqui nos referimos à saúde do corpo, mas e quanto à alma? Como está de saúde? Com que frequência a examinamos, com o necessário cuidado que ela requer, mais do que o corpo, até?

Um salmo nos adverte: “A minha alma está sempre nas minhas mãos.” E podemos começar por aí: ela está nas minhas mãos, porque a tenho bem guiada e segura, ou está na minha língua, que não para dentro da boca, geralmente para criticar os demais? Ou está na minha carteira, no meu saldo bancário, nas minhas aplicações financeiras? Ou, ainda, nos meus olhos, que não param de engolir insanamente imagens, sejam de coisas supérfluas ou mesmo maléficas? Também pode vagar pelo meu pensamento auto centrado, de modo que gire em torno de bobagens a que dou excessivo valor, como um pião viciado que não sabe sair do seu epicentro?

Um exame detalhado, feito com critério, sem escrúpulos exagerados, pode devolver, ou manter, se tenho esse hábito, a paz à alma, e daí aos que nos cercam, principalmente à família. Uma alma que vai ao sabor dos acontecimentos, bons ou maus, sem filtrá-los pelo bom senso e humildade, e, se acreditam, pela Confissão ou Direção Espiritual, é como um carro desgovernado, sem freios, os quais perdeu pela falta de manutenção.

O trabalho, a família, as relações sociais e profissionais, enfim, tudo deve ser afinado por este exame diário, pois até as melhores coisas em nossa vida podem ser motivo de descaminhos. Se o trabalho se torna ativismo; se a família é um pensamento distante; se não colocamos o devido amor nos pormenores cotidianos e triviais de nossa existência, o exame revelará isso, e que o façamos com coragem. Também é importante escolhermos um defeito mais recorrente em nossas atitudes – como a preguiça, a indelicadeza, o consumismo – para atacá-lo por um tempo determinado e curto, e passarmos para outro, lutando, assim, por aplainar arestas e tornar nossa convivência com o próximo, e com a nossa própria alma, mais amável.

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