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terça-feira, 8 de março de 2011

Cuidados inteligentes para o carnaval

Por Rafael Carneiro Rocha

Há dois anos, quando o querido presidente brasileiro distribuiu preservativos para foliões do alto de seu camarote, ele nada mais fez do que representar, da forma mais patética possível, as convicções de um poder público que considera a nação brasileira um bando de indivíduos fadados à promiscuidade. Se alguém me apresentar uma única política pública brasileira de combate às doenças sexualmente transmissíveis, seja na instância municipal, estadual ou federal, que tenha considerado a abstinência pré-matrimonial e a fidelidade conjugal entre saudáveis como seguranças absolutas de não contaminação pelo vírus HIV, favor me apresentar. Digo isso sem ironia. Eu gostaria de conhecer o caso, nem que seja de uma secretaria de saúde de uma cidadezinha, que alguma vez tenha atentado para essa verdade gritante.

No continente africano prejudicado por índices elevados do vírus HIV entre a sua população, uma das políticas públicas mais bem sucedidas de contenção de epidemia ocorreu no Zimbábue. Um estudo conduzido por Daniel Halperin, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard, entre os anos de 1997 e 2007, indicou que a taxa de HIV na população adulta reduziu de 29% para 16%.

No resumo do trabalho, publicado no endereço: http://www.plosmedicine.org/article/info:doi/10.1371/journal.pmed.1000414, afirma-se que há um crescente reconhecimento de que mudança de costumes deve ser central na luta contra a AIDS. Os programas que atentaram para a importância da fidelidade conjugal e do perigo de vários parceiros sexuais permitiram mudanças de comportamento que reduziram o número de contaminados e as mortes causadas pela AIDS naquele país.

O estudo leva à seguinte reflexão: será que políticas públicas que se reduzem à promoção de preservativos não determinam, indiretamente, a manutenção da promiscuidade como realidade inabalável? Não haveria aí um efeito contrário ao pretendido? As respostas não são fáceis, e isso revela a importância da sociedade e do governo abordarem o problema das doenças sexualmente transmissíveis de formas mais responsáveis do que a mera distribuição de preservativos. Será que a população que paga impostos quer, toda ela, fomentar isso?

2 comentários:

Patricia disse...

Parabéns, Rafael, pela lucidez e clareza dessa interpretação sobre o gesto NOCIVO do, felizmente, nosso EX-PRESIDENTE!

Precisamos continuar atentos aos PROJETOS DE LEI(não sei ao certo o nome dos documentos nessa fase inicial...)que estão sendo colocados meio na "surdina" querendo OFICIALIZAR a distribuição de VÍDEOS NAS ESCOLAS,PARA ADOLESCENTES,JÁ A PARTIR DO PRÓXIMO SEMESTRE DE 2011, COM "ENSINAMENTOS PRÁTICOS" DE "COMO VIVER O LESBIANISMO E O HOMOSSEXUALISMO" COM NATURALIDADE!ESSAS CENAS FORAM GRAVADAS PARA USO DENTRO DOS VESTIÁRIOS DAS ESCOLAS!Se não me engano, essas informações já foram publicadas no JORNAL DA CÂMARA em BRASÍLIA, e em outros jornais locais. PORQUÊ ESSAS NOTÍCIAS NÃO SÃO VEICULADAS ABERTAMENTE NOS NOTICIÁRIOS NACIONAIS??? QUEM AS PROPÕE NÃO ACHA QUE TODOS DEVERIAM CONHECER ESSAS "BRILHANTES" IDÉIAS? SE NÃO, PORQUE O MEDO ESCONDENDO-AS?

É URGENTE QUE OS PAIS E RESPONSÁVEIS POR ESSAS NOVAS GERAÇÕES AMEAÇADAS PELO GRANDE MAL SAIBAM DISSO QUE ESTÁ POR TRÁS DOS PANOS, PARA SER IMPLANTADO NAS ESCOLAS PÚBLICAS AINDA NESTE ANO LETIVO.

Rafael Carneiro disse...

Patricia, realmente temos muitos motivos para nos preocupar com todas essas "brilhantes ideias" defendidas pelo poder público. Mas isso também motiva bastante as nossas vozes inconformadas. Não podemos ficar calados. Precisamos levar luzes onde há trevas.

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