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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Dez histórias do Papa Francisco antes de ser Papa - parte 1

O tango, San Lorenzo, Borges, seu bairro e seu primeiro trabalho com uma chefe próxima ao comunismo, a cozinha, sua vocação, a dor e o ressentimento, o drama do aborto e a educação sexual… E, não poderia faltar, a nova evangelização. Extraídos do livro “El Jesuita”, de Sergio Rubín e Francesca Ambrogetti, transcrevemos dez fragmentos particularmente reveladores.

1 - Trabalho - “Agradeço tanto o meu pai que me mandou trabalhar. O trabalho foi uma das coisas que me fez mais bem na vida e, particularmente, no laboratório aprendi o bom e o mau de toda tarefa humana (…). Ali tive uma chefe extraordinária, Esther Balestrino de Careaga, uma paraguaia simpatizante do comunismo, a qual sofreu anos depois, durante a última ditadura, o sequestro de uma filha e um genro, e depois foi raptada (…) e assassinada. Atualmente está enterrada na igreja de Santa Cruz.  Eu gostava muito dela. (…) Ensinou-me a seriedade do trabalho. Realmente, devo muito a essa grande mulher” (El Jesuita. Conversaciones con el cardenal Jorge Bergoglio, SJ., Sergio Rubín e Francesca Ambrogetti, Vergara editor, pág. 34)

2 - Vocação - Quando rondava os 17 anos, em um 21 de setembro (dia em que na Argentina os jovens celebram o dia do estudante), preparava-se para sair e festejar com seus companheiros. Mas decidiu começar o dia visitando sua paróquia. Quando chegou, encontrou-se com um sacerdote que não conhecia e que lhe transmitiu uma grande espiritualidade, pelo que decidiu confessar-se com ele. “Nessa confissão me aconteceu algo estranho, não sei o que foi, mas que me mudou a vida; eu diria que me surpreenderam de baixa guarda.” Mais de meio século depois, interpreta assim o fato: “Foi a surpresa, o estupor de um encontro; dei-me conta de que me estavam esperando. Isso é a experiência religiosa: um estupor de encontrar-se com alguém que está esperando você. Desde esse momento, Deus é para mim quem ‘se faz primeiro’. Você busca a Deus, mas Deus procura você primeiro. Você quer encontra-lo, mas ele o encontra primeiro”. “Primeiro, eu contei ao meu pai e a ele lhe pareceu muito bom. Mas a reação de minha mãe foi diferente. A verdade é que a boa velha ficou chateada. (El Jesuita. Conversaciones con el cardenal Jorge Bergoglio, SJ., Sergio Rubín e Francesca Ambrogetti, Vergara editor, pp. 45-47)

3 - Nova Evangelização - “A Igreja, por vir de uma época em que era favorecida pelo modelo cultural, acostumou-se a que seus pedidos fossem atendidos, as portas lhes fossem abertas, suas instâncias fossem secundadas. Isso funcionava numa comunidade evangelizada. Mas na atual situação, a Igreja necessita transformar suas estruturas e modos pastorais orientando-os de modo a que sejam missionários. Não podemos permanecer num estilo ‘clientelista’ que, positivamente, espera que venha ‘o cliente’, o freguês, mas precisamos ter estruturas para ir aonde precisam de nós, aonde estão as pessoas, àqueles que mesmo desejando não se aproximarão das estruturas e formas caducas que não respondem a suas expectativas e a sua sensibilidade.
Temos de ver, com grande criatividade, como nos fazemos presentes nos ambientes da sociedade fazendo que as paróquias e instituições sejam instâncias que lancem a esses ambientes. Revisar a vida interna da Igreja para alcançar o fiel povo de Deus. A conversão pastoral nos chama a passar de uma Igreja ‘reguladora da fé’ a uma Igreja ‘transmissora e facilitadora da fé’. (De las Orientaciones para la promoción del Bautismo, de la Arquidiócesis de Buenos Aires, en El Jesuita. Conversaciones con el cardenal Jorge Bergoglio, SJ., Sergio Rubín e Francesca Ambrogetti, Vergara editor, p. 77-78)

4 - Divorciados na Igreja
— Que diria aos divorciados que estão numa nova união?
— “Que se integrem à comunidade paroquial, que trabalhem ali, porque há coisas numa paróquia que eles podem fazer. Que procurem ser parte da comunidade espiritual, que é o que aconselham os documentos pontifícios e o Magistério da Igreja. O Papa assinalou que a Igreja os acompanha nessa situação. É certo que alguns deles se doem de não poder comungar. O que lhes falta nesses casos é que as coisas lhes sejam bem explicadas. Existem casos em que isso é complicado. É uma explicação teológica que alguns sacerdotes expõem muito bem e as pessoas entendem.” (El Jesuita. Conversaciones con el cardenal Jorge Bergoglio, SJ., Sergio Rubín e Francesca Ambrogetti, Vergara editor, pág. 91)

5 - Aborto e direitos da mulher — “A batalha contra o aborto a situo na batalha a favor da vida desde a concepção. Isto inclui o cuidado da mãe durante a gravidez, a existência de leis que protejam a mulher no pós-parto, a necessidade de assegurar uma adequada alimentação das crianças, como também de brindar uma atenção sanitária ao longo de toda a vida, o cuidado dos nossos avós e não recorrer à eutanásia. Porque tampouco deve ‘submatar-se’ com uma insuficiente alimentação ou uma educação ausente ou deficiente, que são formas de experimentar uma vida plena. Se há uma concepção a respeitar, também há uma vida a cuidar.”
— Muitos dizem que a oposição ao aborto é uma questão religiosa.
— “Ora vamos… Uma mulher grávida não leva no ventre uma escova de dentes; tampouco um tumor. A ciência ensina que desde o momento da concepção, o novo ser tem todo o código genético. É impressionante. Não é, portanto, uma questão religiosa, mas claramente moral com base científica, porque estamos na presença de um ser humano.”
— Mas a graduação moral de uma mulher que aborta é a mesma que a de quem o pratica?
— “Não falaria de graduação. De fato, uma mulher que aborta — sabe lá por que pressões tenha passado! — a mim me dá, não digo lástima, mas muita compaixão no sentido bíblico da palavra, ou seja, de compadecer e acompanhar, do que aqueles profissionais — se é que são profissionais — que atuam por dinheiro e com singular frialdade. (…) Essa frialdade contrasta com os problemas de consciência, os remorsos que, ao cabo de uns anos, têm muitas mulheres que abortaram. É preciso estar no confessionário e escutar esses dramas, pois elas sabem que mataram um filho.” (El Jesuita. Conversaciones con el cardenal Jorge Bergoglio, SJ., Sergio Rubín y Francesca Ambrogetti, Vergara editor, pág. 91)

link: www.opusdei.org

Um comentário:

Patricia disse...

Que delícia de diálogos!

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