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sábado, 16 de maio de 2009

Como anda nossa juventude?

Uma juventude sem ética
Publicado em 30/03/2009 | João Malheiro

Cada vez mais, nos dias que correm pais e educadores de jovens e adolescentes se deparam com um problema muito sério nessa passagem difícil da adolescência para a idade adulta: a grande indiferença para o aprendizado moral e para a vivência ética das virtudes.

A resposta para este fenômeno parece estar não só na desvalorização e/ou incapacidade familiar e escolar para a educação ética/moral, mas também no atraso dessa passagem que a própria família e a sociedade de consumo estão provocando, mais ou menos inconscientemente.

,.... as crianças com todos os equipamentos de diversão e comunicação, de forma que os “convençam” que ficarem em casa, no seu quartinho, como numa autêntica “bolha protetora de micróbios”, é a forma de serem e viverem mais felizes e seguras, depois da escola. Constroem para eles uma autêntica “bolha material”, onde há pouco espaço para o diálogo educativo e para as amizades verdadeiras.

Como solução, muitas são como que obrigadas a transportar de forma inconsciente essa bolha material invisível para se refugiar: celulares com os seus derivativos, mp4 player, livros... Tendo dificuldade para se comunicar e descobrir um “outro tu”, reforçam a bolha material criando uma nova camada que poderíamos chamar de “bolha psicológica”, que as cegam para qualquer interesse que não seja individual.

.... se tiveram a sorte de conseguir ingressar na vida universitária,....., os jovens que não aprenderam o certo e errado, sentem necessidade de criar uma ética própria para satisfazer suas inseguranças ou justificar suas ações, muitas vezes erradas, que tranqüilize suas consciências. Criam uma terceira camada da bolha, chamada “bolha filosófica”. As tragédias nesta fase, que quase sempre são de tentativa e erro, costumam ser freqüentes e deixam marcas para o resto da vida.

... “meninos-bolha” ..... um coração embolhado, isto é, vazio de amor: não conseguem entender a linguagem do amor e da amizade verdadeiros. Estes “meninos-bolhas” não conseguem, na prática, transcender e valorizar a ética, porque ela só se busca quando se tem um porto a chegar, um ideal de perfeição a se alcançar.

A forma de se abrir para uma educação ética é esperar que a própria vida, .... se encarregue de furar a bolha, acordando-os para uma realidade que não conhecem.

João Malheiro é doutor em Educação e integra o grupo de Pesquisa de Ética na Educação da UFRJ.

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