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terça-feira, 28 de maio de 2013

O Senhor das Moscas

Por Paulo Oriente
LORD OF THE FLIES
O Senhor das Moscas
William Golding
Ed. Globo/Folha de SP, RJ/SP, 2003

Um grupo de meninos de 6 a 13 anos é deixado numa ilha, por um avião em chamas. Ralph, seguido por Porquinho, acha a concha e a sopra. Todos os demais garotos se reúnem ao seu redor e o elegem chefe. “Nós os ingleses somos os melhores do mundo, e tudo o que fazemos é bem feito”, com o que também a vida na ilha teria de ser bem organizada. Há os que caçam, os que coletam água e frutas, os que constroem cabanas, os que mantêm a fogueira acesa. Para Ralph, a fogueira é essencial, pois graças à sua fumaça poderão ser vistos e resgatados por algum navio de passagem.

Jack, que era o líder do coro, torna-se depois o chefe dos caçadores. Antagoniza com Ralph desde o início. Mas tudo se complica quando, na sua primeira caçada bem sucedida, deixou a fogueira apagar. Um navio passava naquele momento, e seguiu seu rumo sem se deter na ilha. Ralph trata Jack duramente e não aceita suas desculpas. Começa uma rivalidade que acabará mal.

Porquinho é o racional do grupo, Simon é o místico, os gêmeos Sameric os divertidos, Roger o cruel. Há um monstro (primeiro a cobra, depois o polvo, até que surge o paraquedista morto). O Senhor das Moscas é a cabeça da porca fincada no chão; ela "fala" com Simon, depois com Ralph (vale lembrar que o capítulo se chama “Uma oferenda às trevas”, e que Belzebu significa senhor das moscas).

A simbologia presente na história dá em que pensar: a concha, relacionada ao poder (para alguém falar em assembléia, tem de segurá-la); o fogo, ao mesmo tempo salvação e lar; os óculos de Porquinho, que propiciam o fogo; a caçada, as pinturas no rosto e o canto de guerra são indícios do primitivismo em que os garotos caem, e que gera a crueldade; a cabeça do porco foi oferecida como sacrifício para o monstro, e na verdade é o Senhor das Moscas e o oráculo do mal. Esses elementos são trabalhados ao longo da narrativa, e representam tanto um fascínio, como o que deve ser transgredido.

À página 197, aparecem duas perguntas essenciais: “O que é melhor: ter regras e segui-las, ou caçar e matar? O que é melhor: a lei e o salvamento, ou caçar e destruir?” A maioria vai atrás da caça, da matança, da destruição.

Toda a trama leva o leitor do começo idílico numa bela ilha, para um ambiente claustrofóbico e cruel. Uma metáfora da história da humanidade? Uma crítica à barbárie? Penso que é mais do que isso. É a narrativa da degradação de quem ouve e segue o Senhor das Moscas.

4 comentários:

Eliane Medeiros disse...

Eu gosto muito destes comentários de livros. Já tinha ouvido falar deste Senhor das Moscas, mas agora me animei a ler.

Vou passar a dica p/ meu marido também

Maria Teresa Serman disse...

Este livro é uma obra prima, atemporal. É uma metáfora sim, mas não acho que o tema seja seguir o mal em si mesmo - seja ele chamado Lúcifer, Belzebu, ou um dos epítetos do demônio, que é o título. A "moral da história" é a necessidade do homem de obedecer a regras e à lei natural para não cair na barbárie. É impressionante o clima de suspense e terror que o autor consegue criar. Vale a pena ler certamente.

Anônimo disse...

Gostaria do e-mail de quem escreveu este artigo, no caso o amigo Paulo Oriente.

Um abraço,

Alexandre Soares

Pedro disse...

Alexandre,

Envie seu e-mail para o blog que passaremos o e-mail do Paulo Oriente,

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