logo

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sobre as paixões

Por Rafael Carneiro da Rocha
Somos criaturas que desejam. Movidos pelas paixões, temos sempre vontade de fazer coisas que nos apetecem. Porém, as paixões não são necessariamente nocivas. O Catecismo da Igreja Católica nos lembra que os afetos nascem do movimento original do coração do homem para o bem, concluindo assim que “as paixões são más se o amor for mau, e boas se ele for bom”.

Amar é querer bem a alguém, e isto é o amor bom. Este querer deve visar o maior bem possível – o sumo bem. Na sua Ética para Nicômaco, Aristóteles afirma que as coisas devem visar o sumo bem e não outras coisas. Se as ações visam coisas, o procedimento é incessante e inútil e vazio seria o desejar.

É bonito desejar o bem para os outros, mas esse querer precisa ser ação, compromisso. Caso contrário, existe o risco dos desejos consumados voltarem-se para coisas ou ilusões que não finalizam o sentido do amor. Quantas pessoas gastam energias espirituais com o apego desmedido a coisas acessórias e passageiras (times de futebol, carros, festas, comidas, tecnologias de consumo, etc.)!

Mas se o querer bem orienta-se para o amor ao próximo, a busca pelo sumo bem se tornará desejo incessante, pois a existência é uma arte construída em anos, décadas... E, nesse querer profundo, a chama sensível das paixões permanecerá por toda uma vida.

Um comentário:

MT disse...

"a existência é uma arte construída em anos, décadas... E, nesse querer profundo, a chama sensível das paixões permanecerá por toda uma vida." Você resumiu em prosa poética o segredo de uma união feliz. Belíssimo!

Postar um comentário