Por Rafael Carneiro da Rocha
Somos criaturas que desejam. Movidos pelas paixões, temos sempre vontade de fazer coisas que nos apetecem. Porém, as paixões não são necessariamente nocivas. O Catecismo da Igreja Católica nos lembra que os afetos nascem do movimento original do coração do homem para o bem, concluindo assim que “as paixões são más se o amor for mau, e boas se ele for bom”.
Amar é querer bem a alguém, e isto é o amor bom. Este querer deve visar o maior bem possível – o sumo bem. Na sua Ética para Nicômaco, Aristóteles afirma que as coisas devem visar o sumo bem e não outras coisas. Se as ações visam coisas, o procedimento é incessante e inútil e vazio seria o desejar.
É bonito desejar o bem para os outros, mas esse querer precisa ser ação, compromisso. Caso contrário, existe o risco dos desejos consumados voltarem-se para coisas ou ilusões que não finalizam o sentido do amor. Quantas pessoas gastam energias espirituais com o apego desmedido a coisas acessórias e passageiras (times de futebol, carros, festas, comidas, tecnologias de consumo, etc.)!
Mas se o querer bem orienta-se para o amor ao próximo, a busca pelo sumo bem se tornará desejo incessante, pois a existência é uma arte construída em anos, décadas... E, nesse querer profundo, a chama sensível das paixões permanecerá por toda uma vida.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
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Um comentário:
"a existência é uma arte construída em anos, décadas... E, nesse querer profundo, a chama sensível das paixões permanecerá por toda uma vida." Você resumiu em prosa poética o segredo de uma união feliz. Belíssimo!
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