Hoje é dia de festivid
ades cívicas em todo o país. Penso que em cada 7 de setembro há sim motivos para comemorar. Mas precisamos buscar novos motivos para o orgulho brasileiro. Falar que somos um povo festivo e caloroso pode ser um tanto verdadeiro, mas não podemos confundir alegria com demonstrações fugazes de afetos carnavalescos.A alegria brasileira é mais discreta do que aparenta. Já passei um Reveillon com milhões de brasileiros (e estrangeiros) em Copacabana. Os sorrisos da multidão são tão p
assageiros como os fogos, mas mesmo assim havia uma alegria invisível e permanente que só poderia existir no Brasil.Pessoas de diferentes cores, culturas e classes sociais ficam juntas sem tensões ou constrangimentos. O entrosamento entre diferentes é espontâneo. O cosmopolitismo brasileiro é único. Em qualquer outra grande cidade internacional, habitam também todas as cores do mundo, mas quase sempre elas costumam ser demarcadas pela tensão dos guetos.
O Brasil pode dar lições de fraternidade ao mundo, no modo como tranquiliza a convivência entre as pessoas que aqui vivem. Mais ainda, o brasileiro pode ser um exemplo bem acabado de indivíduo das amizades cívicas,
um tipo que os grandes filósofos sempre sonharam: o patriota sem ranços xenofóbicos, capaz de ser amigo acolhedor de todos os povos.Há alguns anos, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou os brasileiros de caipiras, muitos se revoltaram. Mas havia ali uma provocação interessante. A semente do mais verdadeiro cosmopolitismo está guardada no compasso agradável dos corações verde-amarelos, porém, ainda somos vaidosos com os nossos bumbas-meus-bois, carnavais, festas de peão e farroupilhas. Não podemos acreditar que Brasil é a alegria da festinha comunitária.
Festas demonstram a face de um país, mas não a sua alma. Assim, a profunda alegria de ser brasileira é invisível, porque ela é um espírito aberto. Sejamos brasileiros convictos, porque isso já é muito bom .

Nenhum comentário:
Postar um comentário