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domingo, 3 de fevereiro de 2013

"Amélia não tinha a menor vaidade, Amélia etc, etc.'


Ai que Saudades da Amélia
Compositor: Ataulfo Alves / Mário Lago
Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Não vê que eu sou um pobre rapaz

Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai meu Deus que saudade da Amélia
Aquilo sim que era mulher

As vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado dizia
Meu filho o que se há de fazer

Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia que era a mulher de verdade


Vou mexer em casa de marimbondo, discutindo a verossimilhança de uma das heroínas do cancioneiro popular brasileiro: a Amélia. Símbolo de mulher abnegada, solidária, companheira, precursora da dieta radical e da baranguice. Vou explicar meu polêmico ponto de vista, relembrando a letra:
"Você só pensa em luxo e riqueza, tudo que você vê você quer.
Ai, meu Deus, que saudades da Amélia (1ª observação: deve estar morta já, foi-se),
Aquilo (não aquela, virou coisa, utensílio) sim é que era mulher!
De dia passava fome ao meu lado ( porque de noite ela passava fome sozinho, ele ia jantar fora!)
E achava bonito não ter o que comer ( claro, assim emagrecia!).
E quando me via contrariado ( louco pra pular fora), dizia "Meu filho, (aí acabou o encanto), o que se há de fazer?
Amélia não tinha a menor vaidade ( não se arrumava; não se maquiava; não fazia escova, progressiva ou regressiva; não se depilava; enfim, era um dragão!), Amélia é que era mulher de verdade".

Mulher de verdade. Simples ou depressiva? Com espírito de pobreza ou preguiçosa pra se cuidar?
Não comia, morreu cedo, deixando o viúvo procurando alguma mulher que fosse de mentira.
Era a própria mãe para o marido; por isso ele saía de noite e a deixava em casa. Deve ter ficado tuberculosa de tanta compreensão.
Sua sucessora, que pensava em luxo e riqueza, fez o indolente trabalhar e ganhar dinheiro, para aproveitar com ela, e não "apesar" dela.
Bom, deixando a brincadeira de lado (parte brincadeira, parte análise séria), penso que devemos ser companheiras, amáveis, solícitas, sem perder o lado sedutor, alegre, bem-humorado, não importa quantos filhos, anos de casados, montante da conta no banco, decepções mútuas - são inevitáveis, e podem ser muito bem aproveitadas - dividimos, ou somamos, melhor dizendo. Mas, colegas, vamos deixar a Amélia só na música, porque não dá mais não. É preciso autoestima e cuidado pessoal, sem pensar só em "luxo e riqueza".
Por Maria Teresa Serman

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