No Planeta Claro-Escuro, não havia cores. Ninguém tinha cor de olhos, cor de cabelo e nem cor de pele. Os adultos já estavam acostumados a viver só no branco e preto, mas a vida das crianças no Planeta Claro-Escuro era muito triste. Elas queriam colorir seus desenhos e não podiam. Elas queriam vestir roupas coloridas, mas essas roupas não existiam por lá. Nem as flores, nem as borboletas, e nem os passarinhos, tinham cores. Era tudo muito sem graça e muito triste.
Um dias, as crianças resolveram fazer alguma coisa para mudar essa situação. Decidiram escolher uma delas para ir até o topo da Montanha Vento Forte para procurar o Baú das Cores. Os mais velhos contavam que as cores foram aprisionadas nesse baú, há muito tempo, por uma bruxa malvada, e que só uma criança muito especial poderia libertá-las.
Depois de pensarem por vários dias, os habitantes do Planeta Claro-Escuro escolheram Corina para a grande missão de libertar as cores.
Corina era uma menina especial. Tinha cor no nome, era corajosa e amiga de todos. Todos ajudaram Corina a se preparar para a longa viagem. Com a mochila cheia de frutas, chocolates, biscoitos, e uma garrafa de água, além de uma lista de recomendações do que fazer para não se perder no caminho, Corina partiu em direção à misteriosa montanha.
Corina andou ... andou ... andou muito. Primeiro ela atravessou um campo florido, depois um pequeno rio de águas claras, e começando a subir a montanha, chegou até uma grande floresta escura e cheia de barulhos estranhos. Folhas e galhos caíam das árvores, e os animais corriam para se esconder ao menor ruído, provavelmente, com medo de caçadores. Corina estava apavorada, mas como havia prometido ir até o fim de sua missão, não iria desistir facilmente.
Quando saiu da floresta, Corina encontrou um caminho cheio de pedras. Pedras pequenas, pedras grandes, pedras de todos os tamanhos. O vento soprava forte e era muito difícil caminhar sobre elas. Corina resolveu descansar um pouco, beber e comer alguma coisa antes de continuar sua jornada.
Quando o caminho das pedras chegou ao fim, ela se viu em frente a uma grande gruta . Bem na entrada, de guarda, havia um anão muito velhinho, de barba tão comprida que quase lhe chegava aos pés. Quando ele viu Corina se aproximando, foi logo gritando:
“Alto lá menina! Onde pensa que vai? Ninguém pode entrar nessa gruta. É proibido. Lá dentro está o Baú das Cores e eu sou o seu guardião desde que minha barba era curta. “
“Eu me chamo Corina. Sr. Anão. Vim de muito longe até aqui só para libertar as cores presas no baú. Onde eu vivo, todos estão precisando muito delas e não vou voltar sem levá-las comigo.”
O anão achou uma petulância uma menina tão pequena querer enfrentá-lo. E gargalhou com a voz rouca e a boca sem dentes:
“Rá, Rá, Rá ! Quem você pensa que é? Acha mesmo que pode me enfrentar?”
Eu não quero enfrentá-lo, Sr. Anão, eu só quero libertar as cores e levá-las para o meu povo. O senhor não precisa se preocupar. Nós tomaremos conta delas. Cada cor terá seu devido lugar. O mato será verde, o céu azul, a noite será preta como um Urubu. O sol será amarelo e as nuvens brancas.
O anão que já estava muito velho e muito cansado de ficar noite e dia guardando as cores, pensou um pouco e disse:
“Muito bem! Vou fazer uma pergunta e se você souber respondê-la, deixarei você libertar as cores. Pense bem, pois até hoje ninguém acertou a resposta.”
Corina fechou os olhos, concentrou-se e cruzou os dedinhos para não errar. O anão perguntou:
“Com que cor vocês pretendem colorir a ALEGRIA?”
“Com todas as cores!”, respondeu Corina, sem pestanejar. “Cada criança vai colorir a ALEGRIA com sua cor preferida, e tudo ficará colorido como um Arco-Iris.”
Assim que Corina acabou de falar, as cores saíram da gruta dançando livres e soltas. Deitaram-se umas ao lado das outras e formaram um lindo Arco-Iris, por onde Corina veio escorregando até cair bem diante da porta de sua casa. Não é preciso descrever a felicidade de todos ao verem Corina de volta. As crianças pegaram as cores e com elas fizeram uma grande festa de ALEGRIA.
A Festa das Cores nunca mais acabou. Continua até hoje em todos os cantos do mundo, principalmente, no coração de todas as crianças.
(Em Redescobrindo Sons e Gestos: Histórias para cantar e contar de Maria Cláudia S. Garcia e Agnes G. Milley – 2004 )
O Carnaval já chegou. Sinto saudades dos Bailes Infantis! Quando eu era novinha, os clubes esportivos promoviam bailes só para os pequenos. Criar as fantasias já era uma festa. Todos participavam e as vovós eram, quase sempre, as costureiras. Agora, me parece, que as escolas de Educação Infantil organizam algumas horas de danças e bandinhas para seu aluninhos. Que bom!
Seja como for, desejo a todos alguns dias de saudável ALEGRIA, BRINCADEIRAS e de BOM CONVÍVIO em família e entre amigos.
Agnes G. Milley
Um comentário:
Como sempre, Agnes, o seu texto está encantando o nosso dia e inspirando nosso carnaval! Lindo! Obrigada, bj
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