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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Na primeira pessoa do plural - parte 1

Dois males estão adoecendo as consciências e os relacionamentos: o relativismo e o individualismo. O primeiro é grave, traiçoeiro, e travestido de tolerância. Tudo é bom, desde que feito com boa intenção; tudo pode ser aceito; nada pode ser criticado, a não ser aqueles que não adotam essa gelatina moral, que se amolda ao recipiente que a contém. Estes são odiados como "conservadores", "fundamentalistas" e intolerantes. Nada mais distante da verdade que essa visão deturpada e injusta sobre quem defende valores e critérios. 

Claro que, se a intenção propulsora do ato é agir corretamente, isso é importante. Só Deus conhece a nossa alma em profundidade, os outros só desconfiam de sua essência pelo que fazemos. Por tal fato, duas coisas se afirmam: que somos o que somos, não o que acham de nós, e o seguinte texto da Imitação de Cristo é perfeito para entender essa certeza reconfortante:

"Não és mais santo porque te louvam nem mais pecador porque te injuriam. És aquilo que és; e tudo o que disserem de ti não te fará maior do que és aos olhos de Deus. Se atenderes ao que és interiormente, não te preocuparás com o que os homens dirão de ti. «O homem vê a cara, mas Deus o coração» (1Sm 16,7)."

Contudo, o testemunho que damos  com nossa vida cotidiana é fundamental. "Não basta ser bom, é preciso parecê-lo." A bondade que germina no coração deve brotar nas ações comuns, não excepcionais. Do mesmo modo, deve-se reconhecer o erro, e aqueles que tem dever de estado receberam a missão de alertar e corrigir, pela correção fraterna, sempre com entranhado amor e atitude carinhosa e benigna, pois "detesta-se o pecado, mas ama-se o pecador", que somos todos nós.
O segundo "mal do século" é o egocentrismo, que se manifesta pelo afã de obter tudo que o egoísta acha que merece, não obstante o sofrimento que possa causar, a um ou a muitos. A trilha dolorosa que o individualismo abre é larga, extensa e profunda. Afeta as relações humanas mais viscerais, como a união familiar; a fidelidade matrimonial; a paz nos ambientes de trabalho;, o amor confiável entre as pessoas; e até as atividades de lazer comunitário e particular. Acabamos de ter um exemplo disso no comportamento destruidor e irresponsável de foliões que, com seu frenesi carnavalesco desrespeitoso, destruíram propriedade alheia, inundaram a cidade de lixo, e deixaram um rastro nauseabundo de que nem animais são capazes.

O incontestável princípio "o direito de um acaba quando começa o do outro" foi pras cucuias! É cada um por si; quem mandou ser otário; perdeu, mané - e a glória maior dessas aberrações está bem alto, nos poderes constituídos da nação, com eleições espúrias, conchavos viciados pelos mesmos que escaparam da punição devida, mensalões, trimestralões e semestralões! E gente vil com pose de defensores dos pobres e desvalidos, haja óleo de peroba!

Continuamos no próximo texto. Este é um intervalo para limparmos a sujeira que nos jogam em cima.

                                                         Maria Teresa Serman

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