Na semana passada falamos sobre como encontrar uma boa
história em livros. Hoje
vamos pensar onde mais podemos achar coisas boas e bonitas para contar. As duas
histórias que eu já enviei para vocês não saíram de livros. Uma veio de um
cartão de agradecimento da associação
beneficente ABRAPEC e a outra de um boletim informativo do Clube Municipal do
Rio de Janeiro. Vocês podem ver que boas histórias estão por toda a parte.
Gosto de prestar atenção em conversas na rua, não por
simples curiosidade ou indiscrição, mas por entender que pessoas simples, podem
muitas vezes dar-nos lições de vida primorosas.
Há bem pouco tempo ouvi uma conversa no ônibus. Prestei
atenção quando uma senhora dizia: “...... é, agora que as mulheres trabalham
...... “ . Ora, pensei com meus botões – as mulheres sempre trabalharam. Por
que as próprias mulheres não são mais explícitas e dizem? : ....”Agora que as
mulheres trabalham fora ....”. Nisso ouvi a voz de um senhor. Olhei para trás
sem chamar atenção. Tratava-se, acredito, de um operário de meia idade que em
sua simplicidade acrescentou aquilo que a senhora poderia ter dito.É, elas
trabalham fora e ainda têm que fazer o serviço de casa que não é fácil. Eu que
o diga. Moro sozinho e tenho que fazer tudo – lavar, cozinhar, limpar.... como
cansa!
Desci do ônibus sorrindo por dentro. Foi muito bom ouvir
esse diálogo tão singelo. Guardo na
memória várias situações semelhantes. Motoristas de táxi nos contam e ensinam o
inesperado e nos surpreendem com sua modesta sabedoria.
Por falar em sabedoria e simplicidade, vou contar uma breve
história que talvez vocês já tenham ouvido, mas que eu gosto de reler. Há
diferentes verões desse pequeno conto de Leo Tolstoi. Aproveitem!
O Czar e a camisa
Um czar estava doente e disse:
“A metade do meu reino
será de quem me curar.”
Reuniram-se então os
seus conselheiros e discutiram como poderiam curar o czar. Um dos sábios disse:
“Temos que encontrar
um homem feliz\, tirar-lhe a camisa e vestir essa camisa no czar. Assim ele
recuperará a saúde.”
O czar, então, enviou
mensageiros para todos os cantos do seu reino para que procurassem um homem
feliz. Não havia um que estivesse satisfeito com sua vida. O rico estava;
aquele que tinha saúde, não tinha dinheiro; o rico cheio de saúde sofria com
uma mulher ranzinza; e este e aquele outro tinha problemas com os filhos. Todos
reclamavam de alguma coisa.
Mas uma vez o filho do
czar passou perto de uma cabana humilde, ao anoitecer, e ouviu alguém falando:
“Graças a Deus, hoje tive
bastante o que fazer, pude saciar minha fome, e agora vou dormir. Que mais
poderia desejar?”
O filho do czar ficou muito
contente e ordenou a seus criados que tirassem a camisa daquele homem e lhe
dessem dinheiro, o quanto ele quisesse. E levassem a camisa imediatamente ao
czar.
Os criados foram ter
com o homem feliz e quiseram tirar-lhe a camisa. Mas o feliz era tão pobre, que
nem camisa tinha!
Obs: Se aqui,
alguém (como a minha filha caçula) pergunta, como afinal, curaram o czar, a
resposta poderia ser:
“O czar teve que passar sete dias com aquele homem, vivendo
como ele ... E curou-se mesmo!
A observação é de Karin
E. Stasch que reconta a história no seu livrinho “Um Coração Contemte” – 17
mini-contos para sorrir.
Emcontramo-nos na próxima semana. Até lá.
Agnes G.
Milley
Um comentário:
Parabéns! Ah, estou preparando soneto: "Felicidade!" ou "Taar e Camisa!" Breve, www.recantodasletras.com.br/autores/joaomiguel
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