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domingo, 9 de setembro de 2012

Mandamentos do Amor e Liberdade


Por Maria Teresa Serman
"Não é verdade que geralmente confiamos mais nos mapas ou nas sinalizações da estrada do que no nosso sentido de orientação? Quando aceitamos esses sinais, não experimentamos nenhuma sensação de imposição; recebemo‑los antes como uma grande ajuda, como um novo conhecimento, que não demoramos a converter em coisa própria.
Ora bem, é o que se passa com os Mandamentos de Deus, com as leis e ensinamentos da Igreja, com os conselhos que recebemos na direção espiritual ou que pedimos numa situação difícil... São sinais que, de maneiras diferentes, garantem a nossa liberdade, a livre escolha que fizemos de seguir Jesus, abandonando outros caminhos que não nos levam aonde queremos ir. “A autoridade da Igreja, nos seus ensinamentos de fé ou de moral, é um serviço. É a sinalização do caminho que leva ao Céu. Merece toda a confiança, porque goza de uma autoridade divina. Não se impõe a ninguém. Simplesmente é oferecida aos homens. E cada um pode, se quiser, apropriar‑se dela, torná‑la sua...”(1)
As sinalizações que o Senhor nos vai dando devem merecer da nossa parte toda a confiança: são brilhantes pontos de luz que iluminam o caminho para que possamos vê‑lo e percorrê‑lo com segurança. Quem procura corresponder sinceramente às graças de Deus nota que, nesse seguimento de Cristo, encontra a liberdade. Ao escutar as moções divinas, pode ver, finalmente, o caminho iluminado: “Não se sentem os mandamentos como uma imposição vinda de fora, mas como uma exigência nascida de dentro, e à qual, portanto, a pessoa se submete de bom grado, livremente, porque sabe que, desse modo, pode realizar‑se plenamente."(2)
“O homem – ensina o Papa João Paulo II – não pode ser autenticamente livre nem promover a verdadeira liberdade se não reconhecer e viver a transcendência do seu ser sobre o mundo e a sua relação com Deus, pois a liberdade é sempre a do homem criado à imagem do seu Criador [...]. Cristo, Redentor do homem, torna‑nos livres. (...) Ser libertado da injustiça, do medo, da aflição, do sofrimento, não serviria de nada se se permanecesse escravo no fundo do coração, escravo do pecado. Para ser verdadeiramente livre, o homem deve ser libertado dessa escravidão e transformado numa nova criatura. A liberdade radical do homem situa‑se, pois, num nível mais profundo: o da abertura a Deus pela conversão do coração, já que é no coração do homem que se situam as raízes de toda a sujeição, de toda a violação da liberdade."(3).
“Escravidão ou filiação divina: eis o dilema da nossa vida."
Estes trechos, pinçados de um meditação de Falar com Deus, de Carvajal, traçam uma feliz associação dos mandamentos com sinalizações comuns no mundo geográfico, facilitando, assim,  que por meio desse pensamento metafórico cheguemos à conclusão de que OS MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS NÃO SÃO MERAS  PROIBIÇÕES, ainda que sua construção gramatical sugira isso, mas delimitações que viam facilitar o nosso caminho de amor nesta vida. O "Não matarás" é uma apologia da vida, desde seu mais obscuro início até o seu fim previsto por Deus; "Honrarás pai e mãe" é um incentivo à permanência dos vínculos familiares, mesmo quando for difícil amar e isso demandar mais paciência do que o previsto pelo nosso coração sempre intolerante em sua gênese. E por aí afora, todos se resumem nos dois ditames fundamentais: como está prescrito no livro do Deuteronômio, capítulo 6, versículo 5, na Bíblia, "Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.", ao que Jesus complementou  com o mandamento da caridade,"E a teu próximo como a ti mesmo". 
E tudo está aí contido, é só colocar em prática, com a ajuda contínua dAquele que nos indicou o caminho.
(1) C.BURKE, Consciência e liberdade, pg 66-67;
(2) João Paulo II, Alocução,6-VI-1988;
(3) Idem, Mensagem para a jornada da Paz, 8‑XII‑1980, 11. 

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