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terça-feira, 2 de abril de 2013

Quem era a mulher de Magdala?

Na realidade, trata-se de uma confusão que – na maior boa fé, aliás – dura há séculos. Para começar, é muito importante lembrar quem não era Maria Madalena. Os melhores comentaristas do Evangelho, já desde os tempos de Santo Agostinho, alertam-nos para que não a confundamos com outras duas mulheres do Evangelho. Uma é aquela pecadora pública que certa vez banhou os pés de Jesus com lágrimas de arrependimento e os ungiu com bálsamo (cf. Lc 7,37 ss.); e a outra é Maria de Betânia, a irmã menor – pura e singela - de Marta e Lázaro, que também derramou perfume sobre a cabeça e os pés de Jesus pouco antes da Paixão, num gesto de fina cortesia, muito oriental (Jo 12,3).

Além desse esclarecimento, é interessante frisar que o Evangelho nunca disse que Maria Madalena fosse uma prostituta ou que tivesse uma vida leviana. Aliás, afirma de fato algo muito pior. Diz que, dela, Jesus tinha expulsado sete demônios (Lc 8,2). Isto é muito sério. Bem sabemos que o número sete – na linguagem bíblica – significa muitos, uma multidão. Pois é isso que dela nos diz São Lucas. É, sem dúvida, algo terrível.

Só o podemos compreender se tivermos consciência de que o demônio – como ensina a Bíblia - é, acima de tudo, o pai da mentira, do orgulho e do ódio. Como deve ter sido espantosa a vida dessa pobre mulher! Um poço de ódio, de raiva, de desconfiança, de mentira, de rancor... Pode haver sofrimento maior? Um verdadeiro inferno! Uma mulher incapaz de amar, incapaz de alegrar-se, incapaz de vibrar com a verdade, de admirar a beleza e de saborear o bem; incapaz de perdoar, incapaz de sorrir com carinho para os outros...! Porque um coração afastado de Deus e entregue ao diabo – ao pecado - é como um poço escuro e fundo. Lá não pode penetrar um raio de luz divina. A pessoa chega a tornar-se incapaz de acreditar que o amor, a beleza e a bondade existam. Só conhece as trevas em que se afunda...

A tristeza no fundo do coração - Esse “poço escuro”, essas “trevas”. Atormenta-as, então, uma ânsia de infinito que as queima por dentro, mas que nenhum tesouro do mundo e nenhuma loucura do mundo e nenhum prazer do mundo conseguem satisfazer... Pode-se dizer que estão torturadas por uma esperança distorcida, por um infinito desejo de felicidade, que corre expectante atrás do vazio. É lógico que essa esperança distorcida termine no desespero. O fundo do fundo da vida delas é a ausência..., é o vazio..., e morrem sem saber por que nunca foram felizes.

E, no entanto, o porquê é claro: elas sofrem da ausência de Deus! Essas pessoas – como Madalena antes de encontrar Jesus – não sabem que o seu mísero coração está gritando aquelas palavras de um poema de Tagore: “Tenho necessidade de Ti, só de Ti”!

Deixa que o meu coração o repita sem cansar-se. Os outros desejos que dia e noite me envolvem, no fundo, são falsos e vazios. Assim como a noite esconde em sua escuridão a súplica da luz, na escuridão da minha inconsciência ressoa este grito:  «Tenho necessidade de Ti, só de Ti!”.». Assim como a tempestade está procurando a paz, mesmo quando golpeia a paz com toda a sua força, assim a minha revolta bate contra o teu amor e grita: «Tenho necessidade só de Ti!»"

O encontro que tudo mudou - Assim estava Maria Madalena, quando um belo dia – de surpresa – Jesus foi buscá-la. Não conhecemos os detalhes. Só sabemos que Jesus teve compaixão dela, e dela expulsou sete demônios, como recordávamos acima. Dá para imaginar o que deve ter sentido aquela alma, ao encontrar-se livre do Maligno, e inundada pelo dom da graça, conduzida por Jesus à descoberta deslumbrante de Deus? Que deve ter sentido quando experimentou – quiçá pela primeira vez na vida – a pureza e a grandeza do Amor, pois, como diz São João, Deus é Amor (1 Jo 4,8).

 http://www.padrefaus.org/wp-content/uploads/2009/05/meditacoes-sobre-a-ressurreicao.pdf

Um comentário:

Patricia disse...

É tremenda essa descrição do que seja o sofrimento da pessoa de quem Deus tira os Demônios! Que solidão, que medo, que vazio desse pobre coração que nem sabe onde procurar Deus, se não encontra quem o ajude nessa busca, ou então, que tenha que esperar até que o próprio JESUS venha resgatá-la da morte de Alma!

Essa reflexão da COMPAIXÃO de Deus para conosco serve de consolo também para aqueles que têm parentes, amigos, colegas de trabalho já tão cegos pelo afastamento ou o não conhecimento Real da Bondade do Pai que vivem numa solidão camuflada,fingindo uma alegria que não existe dentro delas...PRECISAM QUE LHES MOSTREMOS DEUS COM NOSSA VIDA e NOSSA ESPERANÇA DA FELICIDADE ETERNA QUE EXISTE SIM!

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