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terça-feira, 26 de abril de 2011

Desafios da modernidade

Por Rafael Carneiro Rocha

Há algum tempo, no meu carro, enquanto aguardava o verde do semáforo, me surpreendi com uma colisão. Desci, vi o estrago dos carros e me despedi apenas com um ”Vá com Deus” para o outro motorista. Não bastaria ver apenas os veículos. Tive de ver as coisas que me fizeram sair dali, uma vez que ninguém se machucou. Era uma avenida perimetral numa noite de sábado e tudo estava contrário a perícias e acordos: do outro lado, um carro velho e um motorista possivelmente pobre, possivelmente bêbado. Os preconceitos burgueses são patéticos, mas tem sentido nos casos ridículos. Aquele homem não daria conta de me reparar financeiramente. Paciência.

Fiquei um pouco chateado, não com aquele homem, mas com as nossas vidas reguladas a carro e a álcool. Nada contra os objetos em si, mas uma civilização ainda precisa amadurecer muito quando o álcool do sábado e petróleo de segunda à sexta definem uma época histórica.

Hoje, muitas pessoas trabalham para pagar as máquinas que lhes levam para o trabalho e as drogas que as fazem esquecer essa correria. Enquanto houver o desejo desorientado de consumo, a propaganda do carro e da cerveja ainda serão as mentiras que constroem a realidade.

Trabalhar e festejar, duas coisas maravilhosas, não podem ser motivo de contradições. De qualquer forma, penso que é uma época boa para se viver. A vida fundada nos valores verdadeiros vale a pena. Talvez, mais do que nunca. A criatividade de existir numa época com tantos problemas é melhor do que todos os sentimentalismos progressistas e melhor do que todas as nostalgias conservadoras.

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