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terça-feira, 7 de setembro de 2010

A alegria brasileira

Por Rafael Carneiro da Rocha

Hoje é dia de festividades cívicas em todo o país. Penso que em cada 7 de setembro há sim motivos para comemorar. Mas precisamos buscar novos motivos para o orgulho brasileiro. Falar que somos um povo festivo e caloroso pode ser um tanto verdadeiro, mas não podemos confundir alegria com demonstrações fugazes de afetos carnavalescos.

A alegria brasileira é mais discreta do que aparenta. Já passei um Reveillon com milhões de brasileiros (e estrangeiros) em Copacabana. Os sorrisos da multidão são tão passageiros como os fogos, mas mesmo assim havia uma alegria invisível e permanente que só poderia existir no Brasil.

Pessoas de diferentes cores, culturas e classes sociais ficam juntas sem tensões ou constrangimentos. O entrosamento entre diferentes é espontâneo. O cosmopolitismo brasileiro é único. Em qualquer outra grande cidade internacional, habitam também todas as cores do mundo, mas quase sempre elas costumam ser demarcadas pela tensão dos guetos.

O Brasil pode dar lições de fraternidade ao mundo, no modo como tranquiliza a convivência entre as pessoas que aqui vivem. Mais ainda, o brasileiro pode ser um exemplo bem acabado de indivíduo das amizades cívicas, um tipo que os grandes filósofos sempre sonharam: o patriota sem ranços xenofóbicos, capaz de ser amigo acolhedor de todos os povos.

Há alguns anos, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou os brasileiros de caipiras, muitos se revoltaram. Mas havia ali uma provocação interessante. A semente do mais verdadeiro cosmopolitismo está guardada no compasso agradável dos corações verde-amarelos, porém, ainda somos vaidosos com os nossos bumbas-meus-bois, carnavais, festas de peão e farroupilhas. Não podemos acreditar que Brasil é a alegria da festinha comunitária.

Festas demonstram a face de um país, mas não a sua alma. Assim, a profunda alegria de ser brasileira é invisível, porque ela é um espírito aberto. Sejamos brasileiros convictos, porque isso já é muito bom .

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