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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O mistério do matrimônio


Por Maria Teresa Serman
"Assim devem também os maridos amar as suas mulheres, como o seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.
De fato, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo; pelo contrário, alimenta-o e cuida dele(...). Por isso, o homem deixará o pai e a mãe, unir-se-á à sua mulher e serão os dois uma só carne." 

Este trecho de uma leitura de S. Paulo nos faz retomar o tema que já comentamos bastante aqui, mas penso que nunca esgotaremos. Sempre é bom reforçar a certeza de que o matrimônio, como o concebe a Igreja Católica, é um sacramento, "sacramentum magnum", indica o próprio apóstolo, um grande sacramento e um mistério, interroga-se ele também, meio desconcertado, não sei se casou, não temos registro, provavelmente não, o que talvez lhe tenha proporcionado o papel de observador, e que observador deve ter sido, no melhor e mais profundo sentido.

Andamos cuidando muito do corpo, mas não como deve ser, como depósito da alma, criado à imagem e semelhança de Deus. Cultuamo-lo como algo precioso, uma estátua de carrara, um bem maior, mas para exibir. Esquecemos de seu aspecto transitório e precário, por mais atividades profiláticas e alimentação orgânica e sem radicais livres com que o cuidemos. Tudo isto é bom (os cuidados profiláticos, não o culto), só não se pode inverter as prioridades, pois dar ao corpo tudo que ele pede é traiçoeiro, porque ele não para de exigir o que quer. E não somos seus servos.

Se os cônjuges se amassem como os cultuadores de corpos amam os seus próprios, "que maravilha seria viver", como diz a canção. Não haveria descuidos, e, se houvesse, logo seriam corrigidos. Cuidados carinhosos e delicados seriam constantes, como respirar; afinal, respirar é o primeiro ato responsável pela manutenção do corpo, todos praticaríamos exercícios respiratórios preconizados por mestres orientais no assunto - já que é sabido que eles são muito mais hábeis do que nós, ocidentais, nesse campo. Iríamos, também, mais assiduamente ao médico, faríamos mais exames, cuidaríamos mais dos nossos hábitos.

POR QUE, ENTÃO, JÁ NÃO SEGUIMOS ESSAS PRÁTICAS NO NOSSO CASAMENTO???  Por que não cuidamos melhor um do outro? Por que não paramos para perceber, senão ouvir, os sintomas de alguma doença? Por que não exercitamos a prática de exercícios amorosos de carinho e atenção? Por que não oxigenamos o relacionamento com atividades prazerosas e divertidas, simples, ao alcance de todos os bolsos? E, principalmente, por que não levamos o casamento ao "médico" - que pode ser um terapeuta competente, um padre, um especialista em vida matrimonial - quando a doença COMEÇA a dar seus sinais? Por que não vemos o nosso amor como nós próprios?

É bonito falar, eu sei, difícil é fazer. Mas sempre há tempo, se há amor, e sempre se pode colocar amor onde parece, às vezes, que não há. Desculpem se parece confuso; porém, pode ser simples, e também emergencial, o que sempre é, em se tratando desse "mistério". 

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