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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

EmContando – 4



Na semana passada falamos sobre como encontrar uma boa história em livros. Hoje vamos pensar onde mais podemos achar coisas boas e bonitas para contar. As duas histórias que eu já enviei para vocês não saíram de livros. Uma veio de um cartão de agradecimento  da associação beneficente ABRAPEC e a outra de um boletim informativo do Clube Municipal do Rio de Janeiro. Vocês podem ver que boas histórias estão por toda a parte.

Gosto de prestar atenção em conversas na rua, não por simples curiosidade ou indiscrição, mas por entender que pessoas simples, podem muitas vezes dar-nos lições de vida primorosas.

Há bem pouco tempo ouvi uma conversa no ônibus. Prestei atenção quando uma senhora dizia: “...... é, agora que as mulheres trabalham ...... “ . Ora, pensei com meus botões – as mulheres sempre trabalharam. Por que as próprias mulheres não são mais explícitas e dizem? : ....”Agora que as mulheres trabalham fora ....”. Nisso ouvi a voz de um senhor. Olhei para trás sem chamar atenção. Tratava-se, acredito, de um operário de meia idade que em sua simplicidade acrescentou aquilo que a senhora poderia ter dito.É, elas trabalham fora e ainda têm que fazer o serviço de casa que não é fácil. Eu que o diga. Moro sozinho e tenho que fazer tudo – lavar, cozinhar, limpar.... como cansa!

Desci do ônibus sorrindo por dentro. Foi muito bom ouvir esse diálogo tão singelo.  Guardo na memória várias situações semelhantes. Motoristas de táxi nos contam e ensinam o inesperado e nos surpreendem com sua modesta sabedoria.

Por falar em sabedoria e simplicidade, vou contar uma breve história que talvez vocês já tenham ouvido, mas que eu gosto de reler. Há diferentes verões desse pequeno conto de Leo Tolstoi. Aproveitem!

O Czar e a camisa

Um czar estava doente e disse:
A metade do meu reino será de quem me curar.”
Reuniram-se então os seus conselheiros e discutiram como poderiam curar o czar. Um dos sábios disse:
“Temos que encontrar um homem feliz\, tirar-lhe a camisa e vestir essa camisa no czar. Assim ele recuperará a saúde.”
O czar, então, enviou mensageiros para todos os cantos do seu reino para que procurassem um homem feliz. Não havia um que estivesse satisfeito com sua vida. O rico estava; aquele que tinha saúde, não tinha dinheiro; o rico cheio de saúde sofria com uma mulher ranzinza; e este e aquele outro tinha problemas com os filhos. Todos reclamavam de alguma coisa.

Mas uma vez o filho do czar passou perto de uma cabana humilde, ao anoitecer, e ouviu alguém falando:
“Graças a Deus, hoje tive bastante o que fazer, pude saciar minha fome, e agora vou dormir. Que mais poderia desejar?”

O filho do czar ficou muito contente e ordenou a seus criados que tirassem a camisa daquele homem e lhe dessem dinheiro, o quanto ele quisesse. E levassem a camisa imediatamente ao czar.

Os criados foram ter com o homem feliz e quiseram tirar-lhe a camisa. Mas o feliz era tão pobre, que nem camisa tinha!

Obs: Se aqui, alguém (como a minha filha caçula) pergunta, como afinal, curaram o czar, a resposta poderia ser:
“O czar teve que passar sete dias com aquele homem, vivendo como ele ... E curou-se mesmo!

A observação é de Karin E. Stasch que reconta a história no seu livrinho “Um Coração Contemte” – 17 mini-contos para sorrir.

Emcontramo-nos na próxima semana. Até lá.
                                                                                       
          Agnes G. Milley

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns! Ah, estou preparando soneto: "Felicidade!" ou "Taar e Camisa!" Breve, www.recantodasletras.com.br/autores/joaomiguel

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