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terça-feira, 26 de julho de 2011

Os filhos, motor da recuperação econômica

Sugestão de Rafael Carneiro Rocha

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 22 de julho de 2011 (ZENIT.org) – Reproduzimos artigo de L’Osservatore Romano, escrito por Ettore Gotti Tedeschi, presidente do Instituto para as Obras de Religião, informalmente conhecido como “o banco do Vaticano”. Tedeschi apresenta uma estratégia econômica “para os países mais velhos”.

Observando a população dos países ocidentais, em particular nos países “maduros” como os Estados Unidos e os que formam a Europa dos 20, percebemos que a porcentagem da população com idade acima de sessenta anos aumenta sensivelmente. As pessoas dessa faixa etária representam hoje cerca de um quarto do total, quando nos países emergentes não chegam a um décimo. E já notamos que os custos desta tendência não são sustentáveis.

O envelhecimento da população pode ser considerado como a verdadeira origem da crise econômica atual. E no próximo decênio os seus efeitos correm o risco de não ser mais suportáveis, porque a porcentagem cada vez maior de pessoas que saem da fase produtiva se transformará num custo fixo impossível de ser absorvido e sustentado por quem produz. Além disso, cada vez menos pessoas entram no ciclo produtivo, e muito lentamente. Sem considerar as mudanças do conceito de ocupação que tínhamos até há pouco tempo.

Os custos de uma população cada vez mais velha não poderão ser sustentados pelos jovens, que, além de serem cada vez menos, poderiam também se perguntar por que deveriam fazê-lo, em especial se são imigrantes.

Menos observado, outro fenômeno relativo ao envelhecimento da população está na mudança da estrutura do consumo. Sintetizando um pouco cruelmente: compram-se menos carros e mais remédios. Está mudando, e mudará cada vez mais, também o ciclo de produção de poupança, hoje em diminuição e destinado a ruir: primeiro porque as economias familiares tiveram que sustentar o consumo; segundo, por causa da drástica redução de ganhos.

Diante desta realidade, é indispensável termos a valentia de encarar a questão dos nascimentos e do envelhecimento da população. É inadiável planejarmos estratégias para sustentar as famílias na sua vocação natural a ter filhos. Só assim poderá começar uma verdadeira recuperação econômica. Uma família européia de hoje, com dois salários, ganha menos do que há trinta anos com só um salário. Esta é a consequência do crescimento dos impostos sobre o produto interno bruto, que duplicaram no mesmo período para absorver justamente as consequências do envelhecimento diante da queda nos nascimentos.

Os governantes dos países “maduros” precisam investir na família e nos filhos para gerar um rápido crescimento econômico, graças à ativação de fatores como o aumento da demanda, a poupança e os investimentos. Assim os idosos seriam mais aceitos, e não apenas suportados, como às vezes ocorre hoje. No fundo, a própria natureza ensina que, se o homem e a mulher não geram filhos, é difícil alguém cuidar deles quando envelhecerem. O Estado pode tentar. Mas com custos altíssimos.

Um comentário:

Mª Teresa Serman disse...

Muito bem colocado! Parece um conto de fadas moderno a família com dois filhos que se preconiza hoje. Aliás, a mais recente admite um só. Mas, quando o tempo passa, a pirâmide social se inverte e o que era considerado ideal vira pesadêlo. Logo o que está acontecendo na Europa vai ser exportado para o Brasil. É bom mudar esse protótipo, senão vamos ficar em igual situação de penúria.

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