logo

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Autoridade, hierarquia e ordem

Por Maria Teresa Serman

A palavra hierarquia é composta por hier(o), proveniente do grego hierós, que significa SAGRADO e por arquia, derivado do grego arkhé, que significa COMANDO, AUTORIDADE, como também COMEÇO, PRINCÍPIO ou FUNDAMENTO. Assim, podemos concluir, através do dicionário Houaiss de Língua Portuguesa, que uma hierarquia se refere a uma ordenação feita segundo um princípio de autoridade fundado no sagrado. Sempre que há uma hierarquia existe, mesmo que seja apenas a um nível inconsciente do uso da língua, uma referência à legitimação da autoridade hierárquica no poder do sagrado.

Podemos dizer, então, que hierarquia é ORDENAÇÃO. Há nela autoridade, mas não uma autoridade de caráter pessoal, como na noção moderna. A hierarquia é o “encaixe” em toda a ordem do universo, e existe em toda parte e em todo lugar. Não há nem poderia haver nada sem hierarquia. No sentido clássico, é sinônimo da ordem que, em seu mínimo estágio, é necessária à subsistência - é a hierarquia das ligações atômicas que faz com que o ar não se torne venenoso.

Na hierarquia clássica, a posição do superior é ao mesmo tempo uma posição de serviço, mas não de serviço a um simples homem (como o soldado serve ao cabo) ou a uma idéia (como o presidente serve ao povo). O serviço é a uma ordem muitíssimo mais transcendente que aquela minúscula instância dentro da qual compete ao superior coordenar aquilo que é de sua responsabilidade. E esta maior é quanto mais alto o cargo ou função, e isso deve estar sempre claro para quem os exerce.

A idéia moderna de uma igualdade completa é, em seu âmago, a negação da ordem. E essa mesma corrente colocou a palavra hierarquia dentro de um invólucro de autoritarismo, sob uma capa que, aparentemente, engessa o livre arbítrio. Nada mais longe da verdade, pois a ordenação é a única forma de o homem se realizar em sua plenitude. Com essa visão distorcida, contaminaram também outro princípio correlato, a autoridade, confundindo-a malevolamente com autoritarismo.

Sem autoridade, o bem se torna impossível desde os primórdios da existência humana - a criança desde cedo precisa de limites e de guia seguro. Se faltam esses desmembramentos da autoridade, instalam-se, então, a negligência e o autoritarismo, os piores inimigos de uma vida feliz e proveitosa. A autoridade paterna, o pátrio poder, como é chamado juridicamente, é de suma importância, por assegurar a segurança e a própria vida do infante.

Todos os dias os jornais nos apresentam tragédias decorrentes desta falta. Ou exemplos concretos de como não se deve fazer uso da autoridade que lhe foi conferida por muitos, em favor de facções ou partidos, ameaçando assim o bem maior, a liberdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário