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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ídolos decadentes

Por Rafael Carneiro Rocha

Há algum tempo, uma capa da Revista Época me chamou negativamente a atenção. Com o título "O Ministério da Saúde recomenda: Faça sexo", a ilustração da capa é um pacotinho de remédio com a orientação de usar as suas cápsulas cinco vezes por semana. Esse tipo de "realismo publicitário" revela muito sobre as idolatrias da civilização.

E eu não digo nem de uma suposta idolatria ao sexo, mas de uma civilização que idolatra, de fato, o governo (vide a validação publicitária da capa ao Ministério da Saúde), a arrogância científica (vide a promessa farmacológica do bem estar) e o consumismo (o sexo é simbolizado por um produto, no caso, o pacotinho colorido do remédio).

Se as coisas boas do mundo, e não apenas o sexo, deixam de ser encaradas a partir da sacralidade da vida humana, da beleza da ética e da poética do amor, a civilização perde a noção de altar e eleva à esperança existencial coisas sempre sujeitas ao fracasso, como o governo, a ciência empírica e o consumismo.

A capa da revista procura convencer a respeito de uma saúde social advinda da prática sexual, mas paradoxalmente revela uma civilização que se encontra bastante doente.

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