Não se

Freud ficaria feliz com minha confissão. Quis compensar mesmo, não só por considerar filhos bençãos de Deus em forma de gente, mas porque sempre me faltaram barulho e companhia. Meus pais não optaram por um só, a natureza decidiu assim.

A idéia me voltou ontem, recorrente, em um restaurante, ao olhar em volta. Vi o que tenho observado com frequência: mesas com um casal e uma criaturinha que os dois adultos se dedicam a distrair. Por mais boa vontade que tenham, criança gosta (e precisa de) criança. Se houvesse outros para se distrairem juntos, os pais poderiam prestar mais atenção mútua - tá bom, sei que é complicado, com os "pestinhas" em volta, mas há que ter criatividade, pessoal!
É falso o argumento de que criar filho hoje em dia é mais difícil . Fala sério, há uma infinidade de recursos facilitadores e lúdicos. Pode ser mais caro; porém, tal receita inflou-se pelas atividades que "injetaram" nas crianças: mil atividades culturais e esportivas; acesso irrestrito a jogos eletrônicos e atualidades tecnológicas; roupas em demasia; enfim, mimos que enfraquecem a vontade e prejudicam o caráter.

Atualidade e tecnologia sim, brincadeiras simples e inesquecíveis, sim, sim, sim!!! Não se trata de voltar `a Era Jurássica, somente resgatar o que é comprovadamente eficiente há gerações.
O filho único é solitário, por mais amiguinhos que tenha. Torna-se, inevitavelmente, superprotegido, pois podem os pais ter outra preocupação? Acostuma-se a ser o centro do mundo familiar e não reparte com facilidade o que tem, naturalmente.
Já sei que serei linchada on line, rotulada de retrógrada, xingada de delirante. Não me importo, pois deleguei a mim mesma uma missão, uma cruzada, sob o título "Dêem ao filho único o

É injusto não conhecer os outros filhos dos seus pais. É pobre não dilatar o coração e acolher mais gente pequena nele( a grande também, lógico!) Cada filho, tenham certeza, traz o seu pãozinho, e muito, muito mais, debaixo do braço. E obrigada aos meus filhos por serem um pouco meus irmãos.
4 comentários:
Olá, bom texto. Tenho amigos de filho único e reparei isso mesmo, o casal fica tentando distrair a criança até o ponto dela se irritar, fora que ela pode se tornar um pequeno tirano... só uma coisa talvez não concorde, que o coração precisa dilatar para ter outros filhos. Vejo que o coração já é suficientemente, até demais, dilatado pelo filho único, tanto que não "cabe" outra pessoa na vida dos três, tamanha é a "doação" do coração dos pais a este filho. Enfim, acho que é preciso deixar o coração aberto para acolher mais uma vida. Abraço. Lelê
Costumo dizer às mâes dos coleguinhas dos meus filhos que eu sou sempre a favor do segundo (pelo menos)!!
O amor ilimitado que temos pelo primeiro filho continua ilimitado vezes 2, ou 3 ou 4...
Concordo com as duas. Dilatado ou aberto, o importante é "operar" o coração continuamente, para caberem mais pessoas, filhos ou não, e que o amor seja generoso, libertador. É difícil, mas vamos tentando.
olha por aqui há um carpinteiro - entenda-se, família com renda modestíssima - que criou 14 filhas. Quando não podiam mais ter filhos, o casal optou por, bem, adotar mais 4. São contemporâneos nossos, e não gente do passado.
Faz pensar, não?
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