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quarta-feira, 31 de março de 2010

O significado da Páscoa (2)

Texto de: Maria Teresa Serman

A Quaresma se encaminha para o seu corolário, a Páscoa. A antífona da missa neste dia rejubila-se: “Este é o dia que o Senhor fez para nós. Alegremo-nos e Nele exultemos.” A Páscoa entronizou o domingo, o “dies domini”, o dia do Senhor, no lugar do sábado judaico. É o dia do Senhor por ser o da Sua Ressurreição, e a alegria que nos traz antecipa a felicidade sem fim da vida eterna.

E como transportar para a vida familiar essa alegria sobrenatural? Com simplicidade e serviço, que outro modo de lembrar o Autor da mesma alegria? A comemoração da Páscoa deve ser alicerçada nos dias que a antecedem, a Semana Santa, que é assim chamada não por ser um feriado longo, mas porque é a oportunidade de se aproximar, ou melhor, de acompanhar e se assemelhar a Jesus e a Sua Mãe no caminho do Calvário. É ocasião perfeita para examinar de que modo passamos este tempo – se junto dos dois, ou dentro das lojas, enchendo sofregamente o carrinho com ovos, bombons e provisões para a ceia de domingo.

A Quinta-feira Santa é o dia da instituição da Eucaristia. Por ela, entramos no caminho do Getsêmani, o Caminho Doloroso, já anunciado por Jesus na Última Ceia. É fundamental comemorar este grande dia, tão desejado pelo próprio Senhor, como Ele mesmo declara no evangelho de S. João, com a preparação conveniente do sacramento da Penitência. A confissão sacramental é a solução para dores e conflitos que estão no fundo da nossa alma, e que muitas vezes atribuímos a outras pessoas ou acontecimentos. Como somos agraciados por contar com ela, e como podemos ser tolos quando não a aproveitamos!

E será que entendemos que a Sexta-feira Santa não é só o dia de comer peixe e canjica, mas de fazer sacrifícios pequenos e significativos para a harmonia em família, de pedir e receber perdão, com o coração aberto como o lado de Cristo na Cruz, de onde deve jorrar também a caridade com aqueles que menos possuem material e espiritualmente? A leitura da Paixão do Senhor pode ser meditada antes, a sós ou em família, e podemos fazer a Via-Sacra para melhor alcançarmos a profundidade do mistério do Deus feito homem, que se entrega por nós, manso e humilde, e só busca o nosso coração como refúgio.

O Sábado antecipa o júbilo do dia especial, pela festa das Luzes, quando a Igreja, de luto, se acende de novo, prenunciando o que virá logo. É uma linda festa, a que muitos católicos, talvez por desconhecimento, não comparecem. Não é só o dia de malhar o Judas, por mais candidatos que tenhamos ao posto.

Não se trata de abolir chocolates e bacalhau no domingo. Só de não confundir as prioridades. Procurar ovinhos (não “ovões”, controlem o consumismo e o colesterol, por favor!) é uma brincadeira divertida que as crianças guardam na memória para a vida toda. Nem de abrir mão de descansar e aproveitar a folga. Só de não esquecer a Quem devemos toda essa felicidade e agradecer como convém.

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