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sábado, 14 de julho de 2012

Clima de Festa Junina

por Agnes D. Milley

Os dias já estão avançando pelo mês de julho, mas acho que ainda não perdemos o clima de Festa Junina. Por isso, não penso que seja tarde para contar alguns detalhes da festa  da escola de minha netinha em São Paulo.

Primeiro, é preciso que vocês imaginem um espaço físico  muito grande,  dentro de um bairro residencial tranquilo e muito arborizado. A escola é um “Campus” que foi sendo construindo aos poucos,  ao longo de muitos anos.  As pequenas edificações que compõem a escola  situam-se entre alamedas, canteiros de flores e árvores centenárias, formando um todo calmo e receptivo.

No dia da festa, ao passarmos pelo portão principal, a primeira surpresa é a  “Capelinha de Melão”, (...... é de São João......), como diz a canção. Imaginem  um melão amarelo cortado ao meio, sem sementes, com as beiradas cortadas em pontas e uma Imagem de São João, em miniatura, alojada dentro dele. A capelinha  está dentro de uma redoma de vidro enfeitada de flores. É São João Menino que recebe os convidados.  Não é possível não se deter diante desse pequeno detalhe de carinho.

A Festa decorre entre barraquinhas, quitutes, brincadeiras, e pais e alunos ocupadíssimos em tornar tudo belo e confortável .  Aproximadamente três mil pessoas circulam pela escola durante todo o dia. Avós, avôs  e mamães com bebês não precisam  preocupar-se. Há lugar para todos ao ar livre ou nas varandas e caramanchões. Toalhas coloridas  e vasinhos de flores enfeitam as mesinhas brancas espalhadas por todo o terreno livre.

As danças folclóricas acontecem no ginásio de esportes, animadas por uma banda de “tirar o chapéu”. Da  arquibancada  construída em redor da quadra veem o entusiasmo e a aprovação de parentes e amigos das crianças e jovens dançarinos. Vovós, vovôs  e pessoas com dificuldades especiais ganham cadeiras especiais junto à  banda.

As horas vão correndo  quase sem percebermos. O sol já perdeu seu brilho, e pouco antes de escurecer, surge uma montanha de caixas de madeira vazias, tábuas de sobras de construção e pedaços de papelão na praça central da escola . As brincadeiras cessam, as barraquinhas  se esvaziam, e lentamente um círculo  se forma em redor da fogueira ainda fria.  A banda, discretamente, se reúne no palco, bem perto. Escurece, e o silêncio sinaliza  expectativa.

Surge uma longa fila de luzinhas, pequenos pirilampos, que circundam a fogueira. São as crianças menores com suas lanterninhas de papel, obra delas e de seus pais. Sentam-se e esperam. Os alunos do décimo segundo ano se aproximam. Estão de branco. As jovens com coroas de flores nos cabelos e todos com tochas acesas nas mãos. A banda inicia uma lenta melodia e os jovens de branco dançam. Numa belíssima coreografia as tochas  acendem a fogueira. Suavemente, todos cantam e o público acompanha: “Sobe a chama, sobe a chama, bem alto bem alto, ilumina, ilumina nossas mentes, nossas almas....”. Os jovens saem em silêncio e os pequenos, com suas lanternas os acompanham.

Terminada a cerimônia, o fogo arde e a banda irrompe nas mais alegres e animadas  canções juninas.  A quem ainda resta energia, dança, mas para muitos a festa está terminando. Na saída, você ainda pode dar uma parada e tomar uma sopa  bem quentinha .

Ao passarmos pela Capelinha, São João se despede, e nós voltamos para casa com a alma iluminada não só pelas chamas da fogueira, como diz a canção mas, principalmente, pelo calor humano e pelas horas de alegre convívio com  familiares a amigos queridos. Estamos prontos para um tranquilo e abençoado sono.

AH! Lembrei-me de uma coisa muito importante. Vocês sabem  que nessa festa ninguém bebe nada em copos descartáveis? A escola mandou fazer canecas  retornáveis.  Todos chegam à festa com suas próprias canecas. É claro, há sempre algumas para vender para os novos convidados ou os esquecidos. Não é uma ótima  ideia?

Escola Waldorf – Rudolf Steiner, SP

Um comentário:

Patricia Carol disse...

Agnes Gabriella Millay ATACA OUTRA VEZ DE ROTEIRISTA!Êta ESCRITORA NATA!

Falando sério, Agnes, você consegue envolver a imaginação da gente, emociona e faz sentir um não sei quê de ACONCHEGO NA ALMA!

Será a proximidade de AMOR, FRATERNIDADE, INCLUSÃO, ARTE...? OBRIGADA POR COMPARTILHAR ESSES MOMENTOS TÃO PROFUNDOS DE ALEGRIA EM FAMÍLIA!
Beijo carinhoso da tua "amiguinha" de apenasmente...31 anos de convívio?Deus te abençôe muito e à tua família querida!

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