por Agnes D. Milley
Os dias já estão avançando pelo mês de julho, mas acho que ainda não perdemos o clima de Festa Junina. Por isso, não penso que seja tarde para contar alguns detalhes da festa da escola de minha netinha em São Paulo.
Primeiro, é preciso que vocês imaginem um espaço físico muito grande, dentro de um bairro residencial tranquilo e muito arborizado. A escola é um “Campus” que foi sendo construindo aos poucos, ao longo de muitos anos. As pequenas edificações que compõem a escola situam-se entre alamedas, canteiros de flores e árvores centenárias, formando um todo calmo e receptivo.
No dia da festa, ao passarmos pelo portão principal, a primeira surpresa é a “Capelinha de Melão”, (...... é de São João......), como diz a canção. Imaginem um melão amarelo cortado ao meio, sem sementes, com as beiradas cortadas em pontas e uma Imagem de São João, em miniatura, alojada dentro dele. A capelinha está dentro de uma redoma de vidro enfeitada de flores. É São João Menino que recebe os convidados. Não é possível não se deter diante desse pequeno detalhe de carinho.
A Festa decorre entre barraquinhas, quitutes, brincadeiras, e pais e alunos ocupadíssimos em tornar tudo belo e confortável . Aproximadamente três mil pessoas circulam pela escola durante todo o dia. Avós, avôs e mamães com bebês não precisam preocupar-se. Há lugar para todos ao ar livre ou nas varandas e caramanchões. Toalhas coloridas e vasinhos de flores enfeitam as mesinhas brancas espalhadas por todo o terreno livre.
As danças folclóricas acontecem no ginásio de esportes, animadas por uma banda de “tirar o chapéu”. Da arquibancada construída em redor da quadra veem o entusiasmo e a aprovação de parentes e amigos das crianças e jovens dançarinos. Vovós, vovôs e pessoas com dificuldades especiais ganham cadeiras especiais junto à banda.
As horas vão correndo quase sem percebermos. O sol já perdeu seu brilho, e pouco antes de escurecer, surge uma montanha de caixas de madeira vazias, tábuas de sobras de construção e pedaços de papelão na praça central da escola . As brincadeiras cessam, as barraquinhas se esvaziam, e lentamente um círculo se forma em redor da fogueira ainda fria. A banda, discretamente, se reúne no palco, bem perto. Escurece, e o silêncio sinaliza expectativa.
Surge uma longa fila de luzinhas, pequenos pirilampos, que circundam a fogueira. São as crianças menores com suas lanterninhas de papel, obra delas e de seus pais. Sentam-se e esperam. Os alunos do décimo segundo ano se aproximam. Estão de branco. As jovens com coroas de flores nos cabelos e todos com tochas acesas nas mãos. A banda inicia uma lenta melodia e os jovens de branco dançam. Numa belíssima coreografia as tochas acendem a fogueira. Suavemente, todos cantam e o público acompanha: “Sobe a chama, sobe a chama, bem alto bem alto, ilumina, ilumina nossas mentes, nossas almas....”. Os jovens saem em silêncio e os pequenos, com suas lanternas os acompanham.
Terminada a cerimônia, o fogo arde e a banda irrompe nas mais alegres e animadas canções juninas. A quem ainda resta energia, dança, mas para muitos a festa está terminando. Na saída, você ainda pode dar uma parada e tomar uma sopa bem quentinha .
Ao passarmos pela Capelinha, São João se despede, e nós voltamos para casa com a alma iluminada não só pelas chamas da fogueira, como diz a canção mas, principalmente, pelo calor humano e pelas horas de alegre convívio com familiares a amigos queridos. Estamos prontos para um tranquilo e abençoado sono.
AH! Lembrei-me de uma coisa muito importante. Vocês sabem que nessa festa ninguém bebe nada em copos descartáveis? A escola mandou fazer canecas retornáveis. Todos chegam à festa com suas próprias canecas. É claro, há sempre algumas para vender para os novos convidados ou os esquecidos. Não é uma ótima ideia?
Escola Waldorf – Rudolf Steiner, SP
Um comentário:
Agnes Gabriella Millay ATACA OUTRA VEZ DE ROTEIRISTA!Êta ESCRITORA NATA!
Falando sério, Agnes, você consegue envolver a imaginação da gente, emociona e faz sentir um não sei quê de ACONCHEGO NA ALMA!
Será a proximidade de AMOR, FRATERNIDADE, INCLUSÃO, ARTE...? OBRIGADA POR COMPARTILHAR ESSES MOMENTOS TÃO PROFUNDOS DE ALEGRIA EM FAMÍLIA!
Beijo carinhoso da tua "amiguinha" de apenasmente...31 anos de convívio?Deus te abençôe muito e à tua família querida!
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