Junto destas crianças podemos ver as suas mães, que as empurram suavemente para diante. Jesus devia criar à sua volta um clima de bondade e de simplicidade atraente. Estas mulheres sentem-se felizes de que Jesus imponha as mãos sobre os seus filhos e os tenha perto de si.
A disputa entre essas mulheres e os discípulos, que queriam manter uma certa ordem, é o prólogo de um ensinamento profundo de Cristo. No braço de ferro entre as mães e os discípulos, Jesus põe-se do lado das mães. Ele sente-se feliz entre os pequeninos: Deixai vir a mim as criancinhas e não as estorveis, diz-lhes,porque delas é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança não entrará nele. E abraçando-as, abençoou-as, impondo-lhes as mãos.(Mc 10,14-16) As crianças e suas mães haviam ganho a disputa: naquele dia, regressaram satisfeitíssimas a suas casas.
Devemos aproximar-nos de Belém com as disposições das crianças: com simplicidade, sem preconceitos, com a alma aberta de par em par. Mais ainda, é necessário que nos façamos como crianças para entrar no Reino dos céus: Se não vos converterdes e vos fizerdes como crianças, não entrareis no Reino dos céus (Mt 18,3), dirá o Senhor em outra ocasião, enquanto chama um garotinho e o coloca diante de todos.
O Senhor não recomenda a puerilidade, mas a inocência e a simplicidade. Vê nas crianças traços e atitudes essenciais para entrarmos no reino da fé e alcançarmos o Céu.
A criança não tem nenhum sentimento de auto-suficiência; precisa constantemente de seus pais, e sabe disso; é fundamentalmente um ser necessitado. Assim deve ser o cristão diante de seu Pai-Deus: um ser que é todo ele necessidade. A criança vive em plenitude o presente e nada mais; a doença do adulto é a excessiva inquietação pelo “amanhã”, que o leva a deixar vazio o “hoje”, quando era o “hoje” que deveria viver com toda a intensidade.
Com o seu gesto para com as crianças, Jesus quer mostrar-nos o caminho da infância espiritual, a fim de que nos abramos inteiramente a Deus e sejamos eficazes na ação apostólica: “Ser pequeno. As grandes audácias são sempre das crianças. – Quem pede... a lua? – Quem não repara nos perigos, ao tratar de conseguir o seu desejo? – «Colocai» numa criança «dessas» muita graça de Deus, o desejo de fazer a Vontade dEle, muito amor a Jesus, toda a ciência humana que a sua capacidade lhe permita adquirir... e tereis retratado o caráter dos apóstolos de hoje, tal como indubitavelmente Deus os quer” (S. Josemaria Escriva, Caminho, nº 857)."
Retirado da meditação diária de Falar com Deus, dia 19/12/2011.
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