Quando encontrei este texto não pude deixar de me emocionar com a sensibilidade de um jovem ao se deparar com a miséria humana. Isso é que é um filho bem formado! Como ele me permitiu coloco aqui o texto.
Texto de : Eduardo Serman
Hoje estava no ônibus e ao olhar para fora da janela reparei um homem deitado na calçada. Estava chovendo, e ele não estava embaixo de uma marquise, mas, sim, debaixo da chuva. Parecia estar dormindo. Dormindo sem travesseiro, sem cobertor, de roupas molhadas. Naquele momento me veio à cabeça o que gostaria de fazer por ele. Dar-lhe uma coberta, uma toalha, um pouco de comida para que, ao menos por um breve momento, ele pudesse passar por um instante de mínimo conforto. Porém, ao mesmo tempo, pensava que não tinha nada daquilo comigo, que nada poderia fazer naquela hora. Quem sabe eu pudesse ir em casa e buscar tudo isso. Só que eu não estava tão perto do meu ponto. E aí comecei a pensar... Pensar como podemos ser preguiçosos. Pensar que se eu fosse em casa e pegasse aquelas coisas para levar pra ele não seria nenhum sacrifício. O dinheiro não me faria falta, o tempo eu tinha, a vontade era grande, mas a preguiça e a vergonha maior. Por que ter vergonha de um ato que faria bem a uma pessoa? Eu não sei e me pergunto por que sentimos isso. Comecei a pensar que optamos por virar o rosto contra uma desgraça e esquecermos dela do que agirmos dando um mínimo de disposição.
Caso eu tivesse ido em casa, pego as coisas e levado para ele, teria me sentido muito bem. Mas essa minha atitude, pensando friamente, não teria sido nada demais. Não podemos nos contentar por fazermos meras boas ações. Devemos fazê-las sempre que possível. Senti-me culpado por não ter feito tudo que bolei na minha cabeça.
Estas palavras podem parecer bonitas, mas são apenas palavras de uma pessoa que não teve a coragem de ir contra sua preguiça e sua vergonha. Talvez um dia elas possam servir para algo. Quem sabe alguém não se comove devido a elas e resolve fazer algo de bom.
Muitos de nós temos a vontade de mudar o mundo. Construímos planos mirabolantes, mas nos falta o poder. Pensamos que nos falta o poder, esse é o nosso erro. Dificilmente alguém vai conseguir mudá-lo sozinho. No entanto, não são necessários grandes feitos para fazê-lo. Uma vez li uma frase: “Pequenos gestos fazem um mundo sustentável”. Ela veio à minha cabeça hoje e me fez pensar que pequenos gestos fazem um mundo diferente.
Portanto, aja para mudar uma vida, dezenas, centenas, milhares delas... Não espere que os outros façam a parte deles. Antes cuide de fazer a sua.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
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4 comentários:
Caro jovem, você me lembrar das muitas vezes que não fiz o que podia, e é a mais pura verdade, por vergonha! Vergonha de que os amigos vissem como me preocupava com os que estavam na sargeta. Agora, tenho vergonha de mim. Do que não fiz. Boa sorte, você é jovem, ainda pode fazer muito.
ótimo Texto!
bjos Lu
Eduardo,quando visamos o bem,podemos melhorar o mundo,até mesmo quando,por um minuto de descuido, nos omitimos de agir como seria esperado de nós.Você talvez tenha se decepcionado com a própia conduta,mas por ter aprendido os reais valores da vida,quando arrependeu-se ,deu a todos nós, seus leitores, a oportunidade de repensar as nossas constantes ¨ausências¨no dia a dia.Parabéns,sempre melhoramos o mundo,quando temos a coragem de reconhecer nossas omissões!
Concordo com a Anna. Tão importante quanto fazer algo é saber reconhecer nossas omissões e recomeçar. A vida é um constante começar e recomeçar! E não há idade para isso! Sempre podemos melhorar e rever nossas atitudes! Aliás, a juventude vem desta constante renovação! Parabéns, Du! Que bom que saber que você já tem esse propósito! Bjs!!! Paula Serman
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