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quinta-feira, 10 de julho de 2014

“Ladrão existe de verdade?”

Raquel Suppi*

É possível tirar algum benefício de um acontecimento contraditório e infeliz, presenciado por uma criança?

Recentemente, meu marido foi ao banco, com o nosso primogênito, André. Na saída, quando passavam pela porta, viram um casal sendo abordado por dois rapazes, que portavam arma de fogo. Pai e filho voltaram rapidamente para dentro do estabelecimento, e avisaram o segurança. Prontamente, a polícia foi acionada.

Ao voltarem para casa, André me disse o que havia acontecido. Eu já sabia sobre o assalto, mas estava ansiosa para escutar a versão do meu menino, de cinco anos - e, nas entrelinhas, tentar descobrir o quanto aquela cena o havia afetado. Acabei conseguindo mais que isso!

Ele contou tudo – repetidas vezes – como se estivesse narrando um filme policial/ação, repleto de emoção e adrenalina. Estava empolgado, com os olhos arregalados e expressivos. Em alguns momentos, parecia um tanto assustado e chocado, como se tivesse vivido algo bem fora de sua realidade. O que é, de certa forma, verdade. Então, veio a constatação, em forma de pergunta: 
“Mamãe, quer dizer que ladrão existe de verdade, e não só na TV?”. Lamentando, respondi que sim, e quase pude enxergar outros tantos questionamentos surgirem em sua cabeça, antes mesmo que começassem a ser externados: “Como alguém vira um ladrão?”, “Por que eles escolheram ser malvados?”, “Eles têm pai e mãe?”, “Por que os pais deles não ensinaram que roubar é feio?”...

Sua perplexidade diante do fato de alguém ser capaz de cometer tal maldade (roubar) era tamanha, que o fez compreender (pelo menos naquele momento) a importância de ser educado (formado) e corrigido por nós (seus pais): “Mamãe, por isso que vocês brigam e me colocam de castigo quando eu faço uma coisa errada: para que eu possa aprender a não virar um ladrão!”, concluiu.

No final das contas, a partir de uma circunstância – até certo ponto – traumática, conseguimos desenvolver um diálogo espontâneo e enriquecedor, sobre valores, princípios e escolhas. Meu pequeno, inocente e inteligente rapaz aprendeu um pouco mais sobre “certo x errado”, “bem x mal”.

Então... sim!  É possível e, mais ainda, é preciso reverter e transformar uma situação adversa em algo positivo, na vida dos nossos filhos. Tudo por amor a eles!

Raquel Suppi – esposa, mãe de três lindos filhos, dona de casa e escritora formada em jornalismo, natural de Fortaleza.

Um comentário:

Pat disse...

Beleza o diálogo de confiança entre a FAMÍLIA! Em tantos assuntos poderíamos nos abrir aos questionamentos das crianças e elas aceitarem a existência do MAL no Mundo, mas com SEGURANÇA de que há um CAMINHO SIM por onde se pode EVITÁ-LO. Cada vez mais vemos a IMPORTÂNCIA DE OUVIR E ESCLARECER as dúvidas dos nossos filhos, EM QUALQUER IDADE. Acho que só a PRESENÇA dos Pais OUVINDO, DIALOGANDO, dá a SEGURANÇA e CORAGEM para começarmos a desde cedo tentar descobrir o que NÓS PODEMOS FAZER para MELHORAR O MUNDO criado TÃO BELO por DEUS!

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