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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

EmContando – 18 - O sono

Por Agnes G. Milley
Dormi pouco e muito mal. Acordei cedo e passei a manhã fazendo bobagens por conta do sono que me torturava. Trabalhar com sono é sofrido, além  do tempo  perdido.
Procurei  o resultado de um exame em todos os envelopes  etiquetados como EXAMES MÉDICOS . Era urgente achá-lo, mas não estava em  nenhum  dos envelopes, relativamente bem organizados.  Depois de   afligir-me bastante  , veio-me à cabeça a pergunta assustadora: será que o  abandonei em algum lugar? Farmácia, supermercado, banco, banca de jornal..? Isso tem me acontecido com certa frequência. Parei, me  recolhi e então veio a resposta em forma de mais uma pergunta: 
“Será que você pegou esse exame no laboratório no mês passado?” Telefonei . Ele estava lá, no laboratório, esperando por mim.
Depois,  tentei fazer as contas das despesas da semana , na calculadora, três vezes, e obtive três   resultados totalmente diferentes a cada nova tentativa.  Acabei por optar pelo papel e lápis e aí deu tudo certo.
 Parti ,então,  aliviada, à procura da história da semana que também não achei, mas reencontrei um pequeno conto africano que me fez rir pela coincidência.

O Sono dos Três Irmãos
O velho fazendeiro morreu e os dois filhos mais velhos não se preocuparam com nada, apenas o caçula passou a noite ao lado do pai morto, chorando até a manhã seguinte, quando adormeceu de cansaço. Os irmãos mais velhos decidiram, então, dividir entre si a herança, enquanto o caçula dormia. Um ficou com a casa e os campos, o outro se apropriou dos estábulos e dos animais. Quando o caçula acordou, disseram-lhe, zombando:

“Dividimos a herança enquanto você dormia, para você sobrou apenas o sono!”

Os vizinhos estranharam que o caçula tivesse ficado quieto diante dessa injustiça, e além do mais, parecia divertir-se com a situação!

Os irmãos puseram-se a trabalhar e tiveram que trabalhar muito, pois lhes faltava agora a força do pai e a ajuda do caçula que se deitara na sombra e adormecera novamente.

À noite os dois moços que se achavam muito espertos, deitaram cansados nos seus leitos de palha, mas no momento em que o mais velho tinha adormecido  o caçula foi lá, chacoalhou-o e disse:
“Ei, você não pode dormir, o sono é meu, só meu”.

E assim fez com o outro irmão também e por noites seguidas acordava-os cada vez que adormeciam. Os dois não se aguentavam mais em pé e foram falar com o homem sábio da aldeia. Este, rindo, sugeriu-lhes que fizessem a divisão da herança mais uma vez, com o caçula presente e de  forma justa.

Não viram outra alternativa, pois estavam tão exaustos que nem conseguiam mais trabalhar.
E esta história é contada na África até os dias de hoje.

(Recontado por Karin E.Stasch em “Um Coração Contente” – Ed. Fernando Bilah, Botucatu – 2007)

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