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terça-feira, 3 de julho de 2012

Alma gêmea

Por Maria Teresa Serman

O que é mesmo uma "alma gêmea"? Será aquela da qual também se diz que é a outra metade, que se encaixa perfeitamente com a nossa, tornando duas pessoas - marido e mulher, amigos, irmãos, pais e filhos - um ser só, uma só entidade emocional? Existe mesmo isso?

Desculpem, mas não acredito muito nisso. Em uma convivência estreita e profunda, por mais que haja identificação de temperamentos, objetivos e valores em comum, similaridade de gostos, é preciso que, em determinadas circunstâncias, uma das "almas" tente combinar, aparar arestas, enfim, ficar mais "gêmea", mais próxima. E há um dito bem conhecido que vai de encontro à teoria das almas gêmeas, pelo menos no sentido de serem muito parecidas: "Os opostos se atraem." Então, como fica tudo? Qual lado escolher?

Realmente tentar ser gêmea me parece meio forçado, pois a individualidade deve se manter, e não o individualismo. As diferenças enriquecem, se as aproveitamos com prudência e esperteza. Também não podem ser antagonismos, apenas modos diversos de agir e reagir. Se a felicidade se produzisse somente a partir de tais relacionamentos "gemelares", penso que seria rara e com toques de monotonia. Claro que é uma antecipação do paraíso se entender bem com outra pessoa, sentir-se compreendido, acolhido. E compreender, acolher em resposta, alegrarem-se juntos.

De modo geral, é necessário constante investimento no convívio com os mais próximos - com todos, aliás. E essa luta por amar melhor a cada momento torna a existência mais desafiadora e, portanto, mais atraente. Não me refiro a conflitos desgastantes, mas a uma outra visão da mesma coisa, uma diferente proposição. E assim pode-se ganhar sabedoria e fortaleza, por meio da paciência e tolerância necessárias para alcançar a harmonia em conjunto.

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