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sexta-feira, 2 de março de 2012

A mulher em cargos públicos

Por Maria Teresa Serman

Em face de uma declaração que eufemisticamente classifico como infeliz, da recém nomeada ministra para políticas femininas, Eleonora Menicucci, de que legalizar o aborto é questão de saúde pública, pois evita mortes de gestantes devido a práticas ilegais, lembrei-me de uns trechos da entrevista concedida por S. Josemaria Escrivá a jornalistas de origem variada, eternizada no livro Questões Atuais do Cristianismo, que passo a reproduzir.

" A mulher que queira dedicar-se ativamente à direção dos assuntos públicos está obrigada a preparar-se convenientemente, a fim de que sua atuação na vida da comunidade seja responsável e positiva. Todo trabalho profissional exige uma formação prévia, e depois um esforço constante para melhorar essa preparação e acomodá-la às novas circunstâncias que apareçam. Essa exigência constitui um dever particularíssimo para os que aspiram a ocupar postos de direção na sociedade, pois são chamados também a um serviço muito importante, de que depende o bem estar de TODOS."( A ênfase é minha.)

Uma dirigente, principalmente por ser do sexo feminino, deve ter a necessária sensibilidade e competência para perceber que uma gestação, planejada ou não, atinge a mulher como um todo, seu corpo, sua personalidade, sua saúde, sim, física, mental, emocional e espiritual. Uma mulher grávida não é uma barriga prenhe, desculpem as palavras cruas. Não deixa de ser um indivíduo que, por maravilha da criação, abriga e alimenta em vários sentidos um ser que dela depende visceralmente, e mais, que é SEU FILHO. Nunca vai deixar de sê-lo, nem se ela infelizmente não aceitá-lo como tal. Mas não é ela, é outra vida, o que tampouco lhe permite descartá-lo.

Entendemos que muitas mulheres se veem desesperadas ao engravidarem em situações de risco, de pobreza extrema, de abandono. Há, porém, muitas saídas menos infelizes para ambos, mãe e filho, do que a morte. A vida não aceita ser destruída sem implicações indeléveis, mais do que no corpo, na alma de quem o faz, todos nós sabemos, conhecemos casos. O remorso é o pior castigo nesses casos, e só desejamos que essas mães voltem a confiar na misericórdia do Pai.

Continuamos com o texto: "Em virtude dos dons naturais que lhe são próprios, a mulher pode enriquecer muito a vida civil. Isso salta à vista, se nos detivermos no vasto campo da legislação familiar ou social. As qualidades femininas proporcionam a melhor garantia de que serão respeitados os autênticos valores humanos e cristãos, no momento de se tomarem medidas que de algum modo afetem a vida da família, o ambiente educativo, o futuro dos jovens."

Lamentavelmente, esses valores citados por S. Josemaria não têm tido a salvaguarda necessária quando se fala em políticas públicas atuais, e, principalmente, em critérios para ocupação de cargos na esfera pública. É urgente que se respeitem as exigências básicas para preenchimento destes, de não só uma ficha limpa, mas de comprovada competência moral e prática ilibada.

O argumento da nova ministra - nossa, como esse termo perdeu completamente o seu significado histórico e a sua importância de uns tempos pra cá! - é de que descriminar a prática abortiva protegerá a saúde das mulheres, suas vidas serão poupadas. Obviamente as vidas dos bebês abortados não preocupam à política, são acidentes de percurso, desastres que podem ser resolvidos. Ela se considera, ao que tudo indica, a ministra das mulheres adultas, não levando em consideração que outros representantes desse sexo podem estar entre os inocentes eliminados.

Não custa lembrar que a vida humana é de uma grandeza só, não importando o sexo, posição social, nível intelectual, origem geográfica. E saúde pública não é privilégio das mulheres de qualquer idade. Isso seria um sexismo às avessas, tão nefasto ou pior do aquele que as próprias mulheres sempre combateram.

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