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terça-feira, 5 de julho de 2011

O esforço para o amor

Por Rafael Carneiro Rocha

Somos educados para o esforço. Desde criança, sabemos que é preciso ter força de vontade para se dar bem nos estudos e, à medida que crescemos, quanto mais tempo gastarmos com a aprendizagem de uma ocupação, mais chance teremos de alcançar bons postos no mercado de trabalho.

A virtude da fortaleza é inquestionável, mas podemos nos indagar se a época moderna não anda relegando a força de vontade apenas para os aspectos de formação social do "eu". Na educação moderna para a obstinação, é sempre sugerida uma recompensa que vem nas formas de status e de conta bancária avantajada. Quem estudar e trabalhar mais, terá mais vantagens.

Uma das coisas que mais percebo faltar na formação social é uma "educação para o amor". As pessoas são muito pouco instruídas a perseverar no amor. Confunde-se o amor com um sentimento que é despertado magicamente no coração, ao invés de ser aprendido como aquilo que verdadeiramente é, ou seja, um ato da inteligência e da vontade. Nesse sentido, o amor a Deus fica sujeito a modismos espirituais, o amor conjugal se torna apenas uma continuidade, por poucos anos, de algumas faíscas vibrantes do namoro e do noivado; o amor à família vira "apegos umbilicais" e o amor à humanidade vira simples filantropia, resolvida numa ligação para o "Criança Esperança".

Diante desse quadro social pouco inspirador, a crise da meia-idade se torna, então, uma das coisas mais previsíveis do mundo. É possível, inclusive, uma crise de meia-idade aos vinte e poucos anos! Nessas crises existenciais, o sujeito se percebe desmotivado e com a alma árida, afinal pode ser que nunca lhe ensinaram (ou ele não quis ouvir seu próprio coração) que perseverar nos assuntos do mundo é importante, mas mais valioso ainda é direcionar o espírito da vontade para o cultivo de boas relações pessoais.

Não quero relativizar a importância do aperfeiçoamento nos estudos e do trabalho bem feito, mas alerto para nossa imperfeição social, que tende a associar esforço com recompensas materiais. Porque o fato é que, antes de qualquer coisa, a fortaleza é para ser conduzida como serviço e como inclinação natural para fazer o bem.

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