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domingo, 28 de março de 2010

As historias de família que me contam – 2

Texto de : Cristina Maranhão

Outra do João.

Dia 26 de dezembro. Calor insuportável. Ana tinha passado alguns dias doente, e mais doente estava ficando agora com o João de férias, sem poder sair de casa. Como o marido não se apresentasse, Ana resolveu passear de bicicleta na Lagoa com o filho.

Lagoa no dia seguinte do Natal é igual a praia . Tem gente andando em todas as direções e se aglomerando para apreciar a arvore flutuante ao anoitecer. Mal alugaram as bicicletas, João sai à frente e Ana o segue de perto, para não o perder. O que não estava planejado era o pedal da bicicleta de Ana quebrar. Foi questão de segundos o João sumir por entre as pessoas. Coração na boca, bicicleta na mão, Ana, após andar para lá e para cá, desiste. Cabeça nas mãos, olha para o Cristo Redentor e diz: “ Você me deu um filho inteligente até demais. Tem dia em que penso que são dois, de tanto que ele apronta, agora vê se esse danado usa a inteligência para volta”r.

Espera que espera, a mãe volta para o quiosque de aluguel de bicicletas sem saber o que fazer.As pessoas querem ajudar, começam a se organizar para darem a volta na lagoa, uns para a esquerda, outros pela direita, uns de carro , outros de bicicleta, e aparecem as idéias catastróficas que ajudam pouco: “Pior se o menino resolve atravessar as pistas...” “E esse lugares são cheios de gente ruim...Pode ser seqüestrado, tá assim de gente querendo ganhar dinheiro mole nestas datas”. Moles, mas moles mesmo ficam as pernas da mãe quando toca o celular.

Não é o seqüestrador.

_Mãe , se você já está chorando, fique calma.

_De quem é este celular? Com quem você está? Onde você está?

_ Eu pedi pra um casal ligar pra você. Não precisa ficar nervosa. Você volta para o lugar das bicicletas que eu vou te encontrar lá. Tá ouvindo, mãe ? Você sabe onde é?

_ Estou, João, já estou no lugar das bicicletas!...

_ Nossa, mãe, como você é esperta! Então me espera aí que eu já vou te encontrar. E olha, mãe, não precisa chorar.

Foram os minutos mais longos do ano.

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