Aprender é como comer.
Quando comemos porque sentimos fome, estamos atendendo a uma necessidade fisiológica. Mas nossa inteligência e sociabilidade transformaram a fome em prazer de comer. Para quem não está faminto, comer é também um ato social e um aprimoramento da cultura, da educação e da convivência comensal.
O apetite pode ser despertado pelo cheiro que vem da comida. Dela também apreciamos a apresentação, as cores, as formas, as combinações, os temperos, assim como louças e talheres à mesa.
O aluno pode aprender por obrigação. É um insípido comer visando somente ao valor nutritivo por ser saudável. Mas também pode aprender por prazer, quando o professor prepara com cuidado os conteúdos a serem transmitidos, preocupando-se com a apresentação e os recursos utilizados. O interesse do aluno pode ser despertado para a matéria assim como um filme pelo seu trailer e a palatabilidade da aula aumentada pela criatividade do professor. O cuidado com que um professor deve preparar suas aulas deveria ser equivalente ao de um bom cozinheiro esmerando-se em suas iguarias. A psique entende a aula como o corpo recebe a comida.
Uma canja de galinha é de mais fácil digestão que uma feijoada, porém de ambas o organismo retira os nutrientes e os integra sob forma de energia, acumulando-os para serem utilizados pelo viver.
A “digestão psíquica” da matéria depende da “palatabilidade” da aula. Aulas mal recebidas nem entram na psique. Existem aulas leves como canjas e outras tão pesadas quanto feijoadas. Mas também há “canjas” que se tornam pesadas conforme alguns professores, e “feijoadas” podem ser light, conforme outros. Cada aula pode necessitar de uma “digestão” diferente. É quando o aluno tem de fazer a integração da matéria recebida.
A energia acumulada no organismo serve para mantê-lo e deve estar de prontidão para ser usada a qualquer momento para realizar qualquer trabalho. O conhecimento integrado também deve ser utilizado a qualquer momento quando solicitado. O uso da energia física é instintivo, mas o do conhecimento deve ser exercitado. Chamadas orais, provas escritas e testes nada mais são que diferentes maneiras de solicitar e mensurar o integrado. O verdadeiro saber é aquele que aparece naturalmente, aumentando a eficiência, o prazer e a qualidade de vida.
Não é à toa que meu querido sogro, em seu singular linguajar trasmontano, trazendo toda uma cultura portuguesa, ao saborear algo muito gostoso, diz: “Esta comida sabe bem”, porque APRENDER É ALIMENTAR A ALMA DE SABER.
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