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terça-feira, 7 de junho de 2011

O espírito de serviço

Por Rafael Carneiro Rocha

É preciso recuperar nossa admiração nata pelo espírito de serviço. Numa época em que as ocupações tidas como serviçais são rebaixadas na bolsa de valores humanos, precisamos nos dar conta de como é imaturo não reconhecer a dignidade do servir. Saber servir faz parte da própria educação para o amor.

O espírito de serviço é valioso, porque é simples. Tarefas pequenas e invisíveis nos aparecem em diversas ocasiões e não podemos boicotá-las. Com medidas bastante simples, podemos arejar nossos corações para o reconhecimento da magnanimidade do serviço. Diariamente, somos tomados por preguiças aparentemente insignificantes, mas que somadas ao ritmo incessante da rotina podem criar desentendimentos frequentes. Pode ser que tenhamos de conviver com alguém de espírito mais distraído, por exemplo. Volta e meia, quando já estamos dentro do carro, preparados para sair, essa pessoa esquece alguma coisa dentro de casa. Em vez de criticar, por que nós mesmos não oferecemos, com um sorriso tranquilo no rosto, para pegar o que foi esquecido? Ainda que o impulso inicial seja bradar que estamos muito atrasados, ou que a pessoa deveria ser mais atenta, conter o ímpeto de reclamar é sinal de fortaleza e domínio de si. O que poderia resultar em discussão se torna serviço. Saímos de nossa comodidade e, fazendo um favor para o outro, criamos um pouco mais de ternura no cotidiano.

Talvez, por um desordenado amor próprio, pensamos que determinados serviços são humilhantes ou que a outra pessoa não mereceria nossa aparente submissão. Queremos manter nossa “boa imagem”, sem perceber como são frágeis nossos vaidosos conceitos de autodefesa. Somos o que somos diante de Deus. Nenhuma opinião sobre a nossa “imagem” abala o que verdadeiramente somos. Por outro lado, recusar-se a ser generoso é que fragiliza o ser, porque isso é uma mentira que molda o mundo ao tamanho do nosso “eu”. Mas se ainda assim é difícil executar algum ato de generosidade, que ele seja feito não com vistas ao outro, mas a Deus ou ao puro gosto pela coisa certa. Pensemos também como é bom quando recebemos a generosidade inesperada de quem, por acaso, ferimos.

A satisfação em servir e a gratidão que sentimos quando somos brindados reflete como a humanidade é sedenta por entendimento e sentido. Que seja vivo em nós o espírito de serviço.

2 comentários:

Patricia disse...

Rafael,
Obrigada pela reflexão tão edificante!
Já traz uma luz mais brilhante pra começarmos o dia bem, pensando no que fazer pra animar alguém mais próximo ou talvez, como NÃO RECLAMAR de alguma coisa que já sabemos que nos incomodará!
Abraço da sua leitora atenta,
Patricia Carol

Rafael Carneiro disse...

Patricia, é muito difícil não reclamar de coisas que sempre nos incomodam. Mas é preciso lidar com essas situações com a perspectiva de que Deus é quem insiste no nosso aprimoramento.

Obrigado pelo comentário, Rafael.

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