O debate sobre o problema das drogas parece ganhar nova repercussão midiática, com o lançamento de um documentário conduzido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Dentro das famílias, a discussão sobre o assunto deve ser corajosa, e sem margem a qualquer ranço de hipocrisia.
É preciso levar em conta que, na era da internet, os jovens recebem um grande volume de informações. E é preciso saber também que as instituições produzem muitas informações científicas. Não é difícil encontrar alguma pesquisa científica com relativa credibilidade, que atente, por exemplo, que a maconha não é lá muito nociva ao organismo. Ou que não é muito diferente, nesse aspecto de "fazer mal", do álcool ou do tabaco. Se são informações convincentes ou não, isso importa menos do que reconhecer que, para debater sobre drogas com os filhos, é preciso ouvir o que os jovens tem a dizer. Se um filho falar que o álcool faz mais mal do que a maconha, ou que coisas como café e chocolate também podem ser consideradas drogas, é preciso ouvir tais considerações com respeito. Como eu disse, os jovens são bastante informados e as ciências produzidas nas instituições pode chegar a mil e uma conclusões sobre as drogas.
O papel dos pais deve se pautar pela franqueza das conversas e pelo cuidado com os exemplos vindos deles próprios. Um filho adolescente gostar de festas noturnas pode ter raízes nos "inocentes" churrascos familiares, regados a muitas latinhas de cerveja, que ele via desde pequeno. Não incentivo necessariamente a adoção de costumes puritanos, onde o álcool é visto como algo demoníaco, mas é preciso ter em mente que existe alguma hipocrisia quando a voz que critica o consumo de álcool entre os adolescentes também faz uso de bebidas.
Se os pais e familiares gostam das festinhas com bebidas, que seja francamente aberto, depois dos eventos, nas conversas em família, que existiam, sim, naquelas ocasiões um consumo de substâncias que podem causar alterações psíquicas e fisiológicas nos indivíduos. E que aquelas bebidas devem ser consumidas com responsabilidade, porque aquela mesma cervejinha que a vovó toma, em alguns tristes casos, pode motivar violências domésticas, abusos sexuais e mortes absurdas no trânsito.
É preciso também reconhecer que existe uma hierarquia do poder destrutivo das drogas. A cocaína, a heroína, o crack e as anfetaminas são mais letais do que a maconha. O próprio consumo abusivo de álcool é mais danoso fisicamente do que o uso recreativo da maconha. Por outro lado, se a conversa se aproximar das supostas propriedades terapêuticas e relaxantes da erva, que se afirme com contundência que usuários de maconha correm o sério risco da alienação, da letargia e da perda do domínio de si.Em relação às implicações sociais, os usuários de substâncias ilícitas fomentam, sim, atividades criminosas, o que já é um ótimo motivo para se afastar delas.
Para resumir, eu penso que as famílias, antes de cumprirem seu forte dever de proteger os filhos das drogas, devem se atentar para esses dois pontos:
1 - Como andam os exemplos vindos dos mais velhos, por mais banais que sejam?
2 - As conversas com os filhos são respeitosas e inteligentes?
Um comentário:
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