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sexta-feira, 26 de março de 2010

O significado da Páscoa (1)

Texto: Maria Teresa Serman

Não precisamos falar aqui de coelhinhos e chocolate, pois os olhos já estão saturados de vitrines inundadas de ambos. Só para lembrar, o coelho, pela sua fertilidade, simboliza a nova vida que Jesus Cristo, pelo sacrifício redentor da cruz, nos conseguiu, pois nos libertou do pecado cometido pelo primeiro homem, Adão.

A Páscoa cristã está visceralmente ligada à páscoa judaica, o Pessach. O nome significa liberação e a festa comemora a bondade de Deus para com seu povo e como ela foi manifestada então. Os judeus eram escravos no Egito e, conforme narrado no livro do Êxodo, na Bíblia, Deus escolheu Moisés para cuidar de sua libertação e guiá-los até a Terra Prometida. Como o faraó se recusasse a deixá-los ir, foram enviadas dez pragas ao povo egípcio. Antes da décima, aquela que matou todos os primogênitos no país, inclusive o herdeiro do trono, Moisés, a mando de Deus, determinou que se sacrificassem cordeiros, e cada família, sozinha ou com seu vizinho, fizesse a ceia (Seder), com a carne, ervas amargas e pão ázimo (sem levedura ou fermentação), e marcasse os umbrais de sua porta com o sangue dos animais.

O Seder é celebrado desde então como lembrança e agradecimento, em família, e ao cardápio se acrescentou um ovo, símbolo da vida. Jesus Cristo, que cumpria os preceitos da Lei Mosaica, também celebrou esta ceia, e, nessa ocasião, que ficou conhecida como a Última Ceia, instituiu a Eucaristia, o Pão da Vida. A partir desse momento, o cordeiro imolado era Ele próprio, o Salvador, o Filho de Deus que deu Seu Corpo e Seu Sangue por nós. Como um novo seder, revivemos o sacrifício da Cruz – “Fazei isto em minha memória”, não de forma simbólica, mas com a presença viva do Senhor Jesus nas sagradas espécies, a cada missa.

Pretendemos, ao nos reportarmos ao Antigo Testamento neste texto, recordar que Deus nunca deixa de renovar a Aliança com seu povo, com cada um de nós de modo pessoal, como um pai e seu filho. Que Jesus veio para salvar, pagando um grande preço – “pretio magnum”, como nomeou S.Paulo, a todos os homens, sem exceção. Que não há divisão entre a Antiga e a Nova Aliança, assim como não pode haver entre cristãos e não cristãos, entre cada homem e seu semelhante.

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