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domingo, 24 de março de 2013

A essência da liderança: o caráter – parte 2

Segunda parte da reprodução,  do capítulo referido na parte 1, do excelente livro Virtudes e Liderança, de Alexandre Harvard.

O que caracteriza um líder é a sua magnanimidade e a sua humildade.  O líder tem um sonho, um sonho do qual nascem invariavelmente um ideal e uma missão. A magnanimidade é a virtude que produz nele esse elevado estado do espírito.

Mas a liderança não consiste apenas em pensar grande. Um líder é sempre um servidor: um servidor dos seus companheiros, dos seus empregados, dos seus filhos, dos seus concidadãos, um servidor de toda a humanidade. A essência do serviço é a humildade. Ao praticar a humildade, o líder respeita a dignidade conatural daquele a quem serve e, em particular, a dos que participam de uma missão comum.

Magnanimidade e humildade são virtudes inseparáveis da liderança. A magnanimidade é a origem das ambições nobres; a humildade canaliza essas ambições para o serviço aos outros. A magnanimidade e a humildade são, por excelência, virtudes do coração. Conferem ao líder que as possui uma importante dose de carisma, que não é esse "dom" de eletrizar as multidões que algumas pessoas possuem. Com esse duvidoso talento pode-se gerar entusiasmo a curto prazo, mas poucas vezes confiança; ao final, acaba-se por provocar riso e desprezo. Mussolini é um bom exemplo disso. A liderança não é demagogia, mas virtude provada pelo tempo.

A magnanimidade está em crise. A estranha mistura de individualismo e coletivismo da sociedade moderna produz gerações de pusilâmines, gente sem ideal, sem missão, sem vocação:"os entrevados de coração", como disse Jacques Brel. Cada um defende as fronteiras do seu próprio ego (individualismo), desse ego que a sociedade considera como um átomo de inexistência (socialismo) Isso leva ao seguinte resultado:"Eu, eu, eu e nada mais do que eu.(...)

Também a humildade já teve dias melhores. A cultura moderna considera-a com desprezo, como a virtude do serviço. A palavra "serviço" era antigamente uma das palavras mais nobres que se podiam pronunciar. No Japão, dava-se ao "servidor" o bonito nome de samurai. Hoje em dia, quando falamos de serviço, pensamos em serviços comerciais, em serviços remunerados.

Se a magnanimidade e a humildade - que constituem os pilares da liderança - são principalmente virtudes do coração; já as virtudes cardeais da prudência, justiça, fortaleza e autodomínio - que constituem os alicerces da liderança - são sobretudo virtudes da inteligência e da vontade. Dentre as virtudes cardeais, a prudência, virtude específica dos que têm que tomar decisões, é a mais importante: para dirigir com eficácia, precisa-se sobretudo da capacidade de tomar boas decisões.                                                   [...]

Assim o diz Stephen Covey: "Quando trato de usar estratégias de influência e táticas para conseguir que os outros façam o que eu quero, que trabalhem melhor, que se sintam mais motivados, que eu consiga agradar-lhes e que haja entre eles um bom relacionamento, nunca poderei ter êxito a longo prazo se o meu caráter for fundamentalmente imperfeito e estiver marcado pela duplicidade e pela falta de sinceridade. A minha duplicidade alimentará a desconfiança e tudo o que eu fizer (mesmo que aplique boas técnicas de "relações humanas") será entendido como manipulação".

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