Os prédios que compõem o campo de Auschwitz
Visitar um complexo de campos de concentração nazistas como o de Auschwitz é uma experiência marcante, que nos faz perceber que tudo aquilo que lemos nos livros de história e vemos nos filmes foi muito pior na realidade.
Cabelo humano dos prisioneiros utilizado para fazer tecidos considerados nobres
Entrar em contato direto com as evidências dos crimes cometidos contra judeus, ciganos, homossexuais, religiosos, comunistas, deficientes e adversários políticos (como montes de cabelos de pessoas enviadas para as câmaras de gás ou centenas de latas que armazenavam o gás mortal Zyklon-B), é certamente muito chocante.
Latas do gás Zyklon-B. Ele vinha em formato de pedras e se transformava em gás ao entrar em contato com o ar, a 24 graus Celsius
Mas o que esses memoriais e antigas "fábricas da morte" fazem questão de reforçar é que cada pessoa que passou por eles tinha uma história, um nome, uma família e um futuro que foi violentamente interrompido pela ganância e loucura extrema da turma do Hitler. Poderia ter sido eu, você ou qualquer um que se desviasse do padrão estabelecido pelo regime.
A sequência de cercas em Auschwitz
Portão de entrada de Auschwitz, com a frase "O Trabalho Liberta"
A frase "O Trabalho Liberta" ("Arbeit macht frei"), escrita no portão de entrada do campo, esconde a verdadeira intenção de escravizar até a morte e dizimar grupos de pessoas, que, com o passar dos anos, chegava em quantidades cada vez maiores ao local.
Estimativa para o total de mortos em Auschwitz
Vestindo um uniforme listrado que mal conseguia proteger o corpo do frio, usando sapatos desconfortáveis e vivendo em condições subumanas de higiene e alimentação, essas pessoas faziam trabalhos forçados durante mais de 14 horas diariamente e era comum terem que caminhar de 3 a 4 horas para chegar ao local de trabalho, independentemente das condições meteorológicas e físicas de cada um.
Placa em Auschwitz no local onde corpos eram deixados pelos soldados da SS para ameaçar prisioneiros
Muitos ficavam pelo caminho, outros se entregavam e eram assassinados por "indolência" ou resistência. Seus corpos costumavam ser deixados em um local de passagem obrigatória para outras pessoas, servindo de exemplo aos que ousassem se rebelar dentro do campo.
O paredão de fuzilamento em Auschwitz
Outro tanto ficava rapidamente doente e era isolado a enfermaria, que ficou conhecida como a antessala da morte. Como não havia interesse em investir no tratamento dessas pessoas, os remédios e recursos médicos eram insuficientes. E em caso de superlotação, a solução era algo como uma injeção letal de fenol no coração - ou a tradicional morte por sufocamento nas câmaras de gás. E esse também era fatalmente o destino da maior parte das crianças.
Fotos de crianças prisioneiras em Auschwitz
Os gêmeos conseguiam ter uma maior sobrevida e melhores condições que os demais presos, porque eram mantidos como cobaias humanas para as experiências médicas desenvolvidas nos campos. O Dr. Josef Mengele, responsável pela enfermaria do complexo Auschwitz, e sua equipe procuravam saber, por exemplo, se os gêmeos reagiriam da mesma maneira à contaminação por um vírus (que normalmente era injetado simultaneamente em ambos). Além disso, seus comportamentos e características físicas eram comparados e registrados. Suas mortes também poderiam ser forçadamente simultâneas, visando a avaliar a semelhança nas reações e também na dissecção de seus corpos. Sem falar nos demais experimentos cruéis e fatalmente mortais que eram realizados com deficientes, homens e mulheres - como amputações, testes de resistência física e esterilizações.
Fotos e dados pessoais de prisioneiros de Auschwitz
É certo que, em determinadas situações, tiramos forças de onde não imaginamos para superar as adversidades, mas penso que eu não resistiria nem um único dia ali dentro. Pelos registros dos nazistas expostos em quadros nas paredes de um dos prédios de Auschwitz, pude perceber que as mulheres conseguiam sobreviver por um período médio de 1 mês ali dentro. Os homens já tinham uma sobrevida mais longa nos campos, que, pelas minhas contas, variava de 4 meses a alguns anos.
Câmara de gás em Auschwitz e o crematório
Sem dúvida, os lugares que mais marcaram a minha visita foram a câmara de gás e ao crematório e também ao subsolo de um prédio de Auschwitz, onde ocorreram as primeiras experiências de execução por sufocamente através do gás Zyklon-B. Neste local, havia também "celas especiais" com funções diversas. Em algumas delas, as pessoas eram trancadas para morrer de fome. Em outras, o castigo era ficar de pé por 4 dias em uma área de cerca de 1 metro quadrado, junto a outros três outros prisioneiros - e quase sem ar.
Uma das guaritas de vigilância de Auschwitz
Não havia limites para a maldade nem para o sofrimento naquele lugar. E também não há como entender o motivo de tanto ódio e preconceito a pessoas inocentes. Tudo chega a ser tão absurdo e sem sentido, que, por vezes, mesmo diante de tantas evidências, você entra em um estado de negação e não consegue admitir que aquilo tudo tenha sido verdade. Mas infelizmente, tudo aquilo realmente ocorreu e marcou pra sempre a história da humanidade.
Uma homenagem aos mortos em Auschwitz
Confrontar-se com o pior lado do ser humano nos faz rever valores, desperta sentimentos e nos faz querer desesperadamente correr em uma direção contrária. Por tudo isso, eu considero a visita aos campos forte, mas interessantíssima, e certamente nunca mais me esquecerei desse dia.
3 comentários:
e ainda há quem não acredite no Holocausto... Negação é um mecanismo de defesa bem descrito por Sigmund Freud.
Meu querido, vc iria aguentar, Deus nos livre de pensar nisso, porque tem muita fé. Foi o que sustentou o psiquiatra judeu, Victor Frankl, e inspirou sua vida e obra. Eu não sei se conseguiria visitar, deve ser tenebroso ver de perto do que o ser humano que se afasta de Deus é capaz, pois só Ele nos sustenta. Parabéns pelo texto e foto,bj
O texto e fotos são da Márcia Ribeiro, houve uma falha e não colocamos o nome. O José Antonio fez a programação. A ambos, muito obrigada.
É triste , porém é bom termos conhecimento desta realidade, para que não caiamos na conversa de alguns, como bem lembrou a Stella.
Postar um comentário