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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O "Sim!" nosso de cada dia

Por Maria Teresa Serman
Acabamos de comemorar o nascimento de Jesus, o Filho Unigênito de Deus, como confessamos no Credo; o Salvador, o Messias tão esperado pelo povo eleito, a partir daí toda a humanidade. E essa alegria que os anjos comunicaram aos pastores e aos homens de boa vontade; aos Magos que de longe vieram para prestar homenagem ao recém-nascido rei; àqueles de nós que O recebemos em nossos corações, mais do que no presépio, que tem lugar de honra em nossas casas nesse tempo jubiloso; enfim, essa incomparável graça que a criação esperava ansiosamente desde a queda dos nossos primeiros pais, Adão e Eva, só foi possível por um "Sim!", "Fiat!", "Faça-se em mim segundo a Sua palavra", que uma jovem pura e cheia de graça proferiu ao arcanjo que lhe manifestou a intenção divina, não uma ordem do Todo-Poderoso.

E para que se faça a redenção que o Menino, depois de trinta anos de trabalho cotidiano e oculto, em uma aldeia sem importância na Galileia, e de três anos de ensinamento e milagres pelos caminhos que percorreu, consumou na cruz, é imprescindível que continuemos dizendo o "Sim!" da Virgem Santíssima, essa entrega que ela também compartilhou ao pés da mesma cruz a que seu filho estava pregado. De pé, com uma coragem nunca vista em um coração materno transpassado pela dor.

Apesar do drama da crucificação, o sim de Maria, e o nosso de cada dia, é simples, despercebido, em seu montante total. É o sim de cada dia indo à fonte pegar água para cozinhar e manter limpa a casa onde viviam seu filho e seu esposo; é o sim de lavar, na mesma fonte, as roupas; de cozer o pão e preparar a comida que alimentaria os três; de tecer as túnicas e cerzir as roupas; de sorrir aos seus amores, assim como às outras pessoas por perto, com carinho e benignidade, apesar do dia cansativo e quente que teria tido.

Seu amor - nunca mera conformidade - à vontade do Pai transcendia o seu especial círculo familiar. Era mais amplo, antecipava-se às necessidades, como bem demonstrou nas bodas de Canã, quando percebeu que o vinho havia acabado e, a pedido seu, Jesus fez seu primeiro milagre. Desse modo, também podemos apurar nossa sensibilidade, ficando atentos ao que os outros, próximos ou não, precisam, no plano material e principalmente no espiritual. As almas têm sede do vinho especial que só Jesus lhes pode dar, da água que Ele prometeu à Samaritana. Esse vinho, essa água, é através de nós que se derramará. Não por nossas qualidades, mas porque o Senhor assim o quer, pela nossa vocação, recebida no batismo.

Se nos recusamos, seremos profundamente infelizes, e comprometeremos nossa salvação e a daqueles que Ele nos destinou como rebanho. Também nós somos pastores, bons pastores, que precisam carregar muitas ovelhas nos ombros, sentindo o seu peso, conduzindo-as, mesmo que se percam e fujam para longe. E isso frequentemente acontece, por ironia, com os que estão mais perto de nós, por afeto ou consanguinidade. Esses nos custam muito, rasgam nossa carne e exaurem nossas forças. Mas, não podemos desistir, porque são nossa responsabilidade, e, sem eles, não entraremos no paraíso.

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