Ontem, sexta feira, nas vésperas do carnaval, precisei andar pelas ruas para inúmeros procedimentos e compras. O calor está insano, e essa insanidade anda contagiando as pessoas há muito tempo. É uma grosseria democrática: atinge todas as idades, com excepcional predileção pelos mais idosos. É verdade, não são os jovens os piores, não!
A terceira idade ganhou bastantes privilégios e está francamente abusando. O atendimento preferencial não isenta os mais velhos de respeitarem os direitos alheios, mas estão agindo, muitos deles, como se fossem os reis do pedaço e ninguém mais tivesse direitos.
Porém, essa é só uma face da moeda da indelicadeza que anda imperando. As pessoas se chocam nas ruas, ai de você se não desviar! Grupos andando juntos, parecendo acreditar que não podem se desgrudar, estão colados com Super Bonder. Então, o outro que vem em sentido oposto que vá pra rua, levite ou desapareça. Se não, tome encontrão. Se, pelo menos, andassem pelo lado direito das calçadas, como devemos fazê-lo no asfalto dirigindo, o fluxo seria mais rápido e civilizado. Não é exagero, seria bem melhor, pensem só. Até dentro de uma loja quase fui derrubada por uma funcionária espaçosa e nada gentil: nem pediu licença, nem desculpas.
No Rio de Janeiro, as pessoas desaprenderam as palavrinhas mágicas. “Por favor”, “COM LICENÇA” e “Obrigado" desapareceram do vocabulário carioca. Andar tornou-se esporte de risco, com ameaça de trombadas e quedas, devido aos buracos nas péssimas calçadas e à avalanche de obras que assola esta cidade. A fúria de reformas e mudanças que acometeu nosso jovem alcaide nos fez prisioneiros de seus desvarios. Pobres de nós!
Que tal, então, refletir sobre o modo como nos relacionamos com nossos concidadãos e tentar enxergar seres humanos, e não robôs, compartilhando nosso espaço físico? Seria mais agradável e atenuaria o efeito já irritante do calor nos ânimos! Não é preciso muita coisa, só prestar atenção nos outros e deixá-los passar com segurança; ceder um pouco o espaço que julgamos ser direito inalienável nosso, quando muitas vezes não é; diminuir o passo e aumentar o espírito de fraternidade; enfim, ter mais serenidade e agir em consequência.
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