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sábado, 21 de novembro de 2015

Por mães mais tolerantes


Hoje quero falar sobre a intolerância da mulher na gravidez. É isso mesmo. Quero falar da grávida que anda muito intolerante. Lembrando que escrevo primeiramente para mim, não estou aqui para dar lição de moral, mas para gerar uma reflexão. Somos uma geração de mães impacientes e chatas. Achamos que tudo sabemos e queremos que o outro nos aguente, só porque estamos grávidas. Não queremos dicas, nem palpites. Apenas que olhem nossos lindos filhos e não digam mais nada além de elogios. O que tem de texto no formato de desabafo que está sendo compartilhado com sucesso, nas redes sociais reclamando da intromissão alheia, não cabe no gibi. Então, para contrariar, resolvi escrever este com uma opinião diferente.

De fato, ser mãe hoje em dia não é fácil. (Aliás, eu penso que ser mãe nunca foi fácil e nunca será). Se antigamente as dificuldades eram lavar roupa à mão, buscar lenha para fazer comida, usar fralda de pano... hoje temos que vigiar os filhos na internet, aguentar julgamentos quando não se trabalha fora ou ter que trabalhar para garantir uma renda extra, etc. Mas vamos combinar: os palpites sempre existiram. É agora, em tempos de redes sociais, onde tudo se compartilha, que eles vão deixar de existir? Justo agora, que nós nos expomos por livre e espontânea vontade a todo momento? Sejamos honestas: como não queremos palpites se cada momento da gravidez ou da vida dos filhos é um post? Se não selecionamos quem nós queremos que vejam nossas publicações? 

Desde que o mundo é mundo as pessoas se interessam pela vida das outras. Algumas mais, outras menos, algumas educadamente, outras inconvenientemente. Mas o fato é que o outro nos interessa. Seja por querer bem, seja por pura curiosidade. Quer ver uma coisa? Basta assistir a qualquer programa do Sílvio Santos. Ele começa a perguntar ao participante: “fulano, onde você mora? E o que você faz lá? Quanto você ganha por mês? E dá para viver com esse salário (já começando a ser inconveniente)? E o que você vai fazer se ganhar o prêmio? (...)”. A gente para e escuta o que o cidadão tem para dizer sobre a vida dele porque aquilo nos interessa. Se não fosse assim, mudaríamos imediatamente de canal.

Somos humanos, e a vida humana nos interessa. É comum que, ao ver uma mulher grávida, queiramos saber de quantos meses (ou semanas para os mais técnicos) ela está, se é menino ou menina, qual o nome. E, ao saber o nome, dizemos que é lindo ou que é diferente... É comum também queremos compartilhar nossas experiências ou nossas teorias ou aquilo que lemos sobre gestação/maternidade/educação dos filhos em algum artigo.

Se antigamente isso era comum, hoje, com a nossa exposição, é mais ainda. Estou na segunda gestação e tenho vivido isso na pele. Decidi me expor menos e a diferença entre a quantidade (e qualidade) dos comentários que ouvi é gritante. Talvez porque o segundo filho não empolga tanto as pessoas como o primeiro. Talvez porque eu tenha amadurecido e estou mais paciente. Não há uma onda por aí dizendo que “você muda, o mundo muda”? Pois bem, quando mudamos de atitude o outro muda realmente.

É claro que, se expondo ou não, sempre haverá um inconveniente para falar que “seu leite é fraco”, que “você tem que dar um chazinho para o bebê”, que “parto normal é anormal”, que “tomara que seja um(a) menininho(a) para formar um casalzinho”. Sempre haverá um indelicado para dizer: “já está grávida de novo?? Ihhhh”, ou “filho dá despesa demais”, e tantos outros comentários negativos sobre aquela nova vida. Também não dá para fugir para as montanhas a fim de evitar os intrometidos. Uma hora será preciso descer da montanha. Mas eis, nesses momentos, nossas oportunidades de exercitar as virtudes que uma mãe deve ter: paciência, capacidade de educar com amor.

Não estou aqui pregando que devemos aguentar todas essas intromissões de cabeça baixa e nunca responder nada. Mas acredito que respirar fundo e dar um sorrisinho amarelo ou usar as palavras certas ao ser sincero com alguém é muito mais eficaz. Há coisas mais importantes para nos preocuparmos em vez de opiniões e palpites irrelevantes e bem abaixo da grandiosidade de ser mãe.

2 comentários:

Patricia disse...

Adorei teu desabafo sobre os inconvenientes que algumas pessoas causam às lindas e poderosas grávidas!

O melhor que podemos fazer, é mostrar ALEGRIA com a notícia da nova gravidez!
Eu ainda me divertia quando NÃO ESTANDO GRÁVIDA, apenas com a barriga maior um pouquinho(gordura mesmo!) e me perguntavam se eu estava grávida outra vez, rs rs rs eu já tinha a resposta na ponta da língua e o sorriso pronto pra dizer "QUEM ME DERA!(GENTILMENTE)..." não estou grávida não...é só a barriga gorda". Como por milagre, mudavam o assunto rapidinho, KKKKKKKKKKKK

Bjo,
Pat FELIZ

KEKE disse...

Sou super suspeita para falar.... amo a autora... Belo texto! !! Quelbia

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