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domingo, 11 de março de 2012

MENSAGENS INFANTIS INDECIFRADAS (2ª Parte)

Por Quézia Bombonatto
Continuação do dia 10/3

Quanto à criança, só é procedente falar em dificuldades de aprendizagem quando fazemos referência a alunos que apresentam problemas localizados nos campos da conduta e da aprendizagem, tais como: hiperatividade ou hipoatividade; dificuldades de coordenação; baixo nível de concentração; dispersão, dificuldades de memorização; falhas perceptuais, como confusão entre figura e fundo, inversão de letras; dificuldades no processo de alfabetização; disgrafias; irregularidades na leitura e na escrita; problemas em seriações; inversão de números; reiterados erros de cálculo; (falhas repetidas na) resolução de problemas; pouca habilidade social; inibição participativa; agressividade; baixa autoestima; e outros.

Em relação aos fatores relacionados à família, a estrutura familiar é de suma importância na vida escolar da criança, seja qual for a etiologia da dificuldade de aprendizagem (neurológica, emocional, cognitiva, pedagógica), tornando-se fator decisivo para a condução e/ou resolução desta situação. Alguns pais manifestam sua decepção, sua desaprovação, frente os insucessos escolares de seus filhos, mostrando-se obsessivamente preocupados, com um nível de exigência além das possibilidades da criança, o que pode causar uma ansiedade com a qual ela não tem condições de lidar. Outros podem apresentar total indiferença, demonstrando falta de interesse pelas dificuldades da criança.

O que se apresenta em comum a essas duas atitudes opostas é que ambas afetam o desenvolvimento da criança, impedindo que ela cresça de forma natural e satisfatória. Nesses casos, a intervenção familiar pode ser benéfica, ao permitir que a criança saia da posição de portador do sintoma e possa construir uma nova relação com a aprendizagem.

Quanto ao terceiro fator do tripé, a aprendizagem do aluno não depende somente dele, e sim do grau de comprometimento do professor. Considerando a realidade de que todos os alunos são diferentes, tanto em suas capacidades, quanto em seus interesses, ritmos de desenvolvimento, modalidades de aprendizagem, situações ambientais, não podemos minimizar a importância, no processo ensino/aprendizagem, da interação professor/aluno. Se esta relação é positiva, o aluno aprenderá e apresentará progressos, qualquer que seja o seu nível. Sabemos da relevância de variáveis como metodologia de ensino, estratégias, recursos, organização curricular nestes sintomas, mas se o educador conhecer os princípios de uma aprendizagem com sentido e aplicar uma prática didática capaz de facilitar este processo, poderá minimizar os sintomas do não aprender.

Assim, família e escola devem estar atentas às mudanças de comportamentos, pois podem ser os primeiros indícios de problemas. Para decifrar a mensagem emitida pela criança, é importante considerar o processo diagnóstico, a fim de se obter os dados necessários para compreender o significado, a causa ou a finalidade da dificuldade apresentada. Assim define-se o problema, não para que se coloque um rótulo, mas para que haja uma intervenção adequada, até mesmo com o apoio de psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos ou outros profissionais da área. Convém lembrar também que algumas crianças têm dificuldades passageiras de adaptação, ou ainda que a metodologia pedagógica pode não ser a mais adequada para aquela criança.

A autor é fonoaudióloga, psicopedagoga e terapeuta familiar. É presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Da revista Ser Família - Ano II - Nº 9

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