logo

domingo, 30 de janeiro de 2011

Prepare o seu futuro (2) - respeite o ritmo dos idosos

Por Maria Teresa Serman

Com o passar do tempo, o ritmo mental e físico se altera inexoravelmente. Alguns ainda continuam aptos para os afazeres normais; porém, a memória do corpo, como costumo me referir ao cansaço e às sequelas que o trabalho, as exigências e os sofrimentos da vida vão imprimindo em nós com o passar dos anos, essa nunca esquece, está lá, para lembrar que já não somos jovens e que a nossa história permanece viva em nossa mente, em nossos membros, em nossa alma. É prudente respeitar essa memória, em nós mesmos e principalmente nos outros.

Os idosos tendem a ficar mais lentos e prolixos, é natural. Alguns, por sofrerem de solidão, puxam conversa em qualquer ocasião - nas filas, com o caixa, com o atendente do banco - enfim, às vezes nos atrasam e nem se dão conta disso. Haja paciência, mas é preciso tolerar esses atrasos sem perder a linha, pois também nós ficaremos assim. Embora não gostemos da idéia, é claro. Um ouvido disponível e um sorriso podem fazer um pouco de companhia a alguém que não tem com quem conversar.

As ruas são ameaças para idosos e portadores de necessidades específicas, com seus buracos, sinais rápidos demais e pessoas se esbarrando, na pressa de chegar mais cedo não se sabe aonde, para fazer mais depressa não sei o quê. Não custa ajudar, DISCRETAMENTE, para que não se sintam humilhados, seja fazendo sinal para os carros esperarem enquanto acabam de atravessar, ou cedendo um lugar melhor, ou ainda facilitando sua passagem. Gentileza gera gentileza, não é o que se diz? Pura verdade.

Se com estranhos é difícil ter tolerância, imagine em casa, com aqueles com quem convivemos diariamente. Quando perceber que vai perder a paciência, pense em tudo que ele, ou ela, já fez por você em particular e pela família em geral. Idosos são teimosos, não é uma rima, mas a realidade. O que não puder ou não conseguir mudar neles não deve tirar-lhe a paz. Mude a estratégia, leve na brincadeira, não dê tanta importância às rabugices, geralmente elas não fazem muita diferença no que é realmente fundamental. Frequentemente, o cuidador principal, filho ou neto, sofre muito desgaste pois está sempre atento para mil detalhes, desde remédios até compras domésticas. É vital pedir ajuda, contratar pessoas idôneas, se aconselhar com quem entende. Sem isso, fica impossível dar conta e estar feliz, fazendo a outra pessoa feliz também.

Velhice não é castigo, e sim o tempo de usufruir da sabedoria que a experiência semeou. Tempo de aproveitar com tranquilidade a família que construiu; de descansar, após tantos anos de trabalho e esforço; de passear por lugares que estejam preparados para lhe dar conforto e segurança. Tempo, antes de tudo, de agradecer a Deus pelas graças abundantes que lhe foram e são concedidas cotidianamente, minuto a minuto.

3 comentários:

Patricia disse...

Olha, Tetê, dessa vez você me tirou do sério e fez me emocionar por conta dessas verdades difíceis de aceitar: não aquela que fala sobre a fragilidade na velhice(uma bênção conviver com nossos idosos, tão queridos e às vezes tão doentes!) mas como nem sempre a gente lembra de dar um sorriso pra um vizinho idoso que talvez esteja na solidão e aquele nosso sorriso poderia ser o único que recebesse naquele dia; ou fazer um oferecimento pra ajudar alguém idoso na rua,dando o braço pra se apoiar numa escada,ou numa rua esburacada; não paramos pra ver se ele ou ela conseguiu atravessar o sinal tão ligeiro a tempo, já que se preocupava também em não tropeçar...

Claro que algumas vezes a gente os ajuda,e outros também, oferecem essas pequenas delicadezas na rua. Mas como você disse, em casa, pela repetição contínua, causada por doenças irreversíveis, perda severa de memória,visão,audição, e outros aspectos naturais dessa fragilização própria da idade avançada, a gente ainda se impacienta, mesmo que só por dentro, tentando não deixar transparecer o quanto para não magoar uma mãe, ou outro parente mais esquecido ou que perde um pouco da noção de comportamento em sociedade.

Se remorsso matasse, acho que muito idoso ainda estaria melhor de saúde do que os mais jovens quando não param pra conversar um pouquinho com seus idosos em casa, e quando percebem o efeito de tristeza que deixaram com seu descaso, às vezes involuntário, preferiam ter se atrazado pra um programa interessante do que deixar de abraçar e ouvir um pouco os causos que os avós gostam tanto de poder relembrar!

Liana Clara disse...

Que bom que gostou Patrícia, nossos idosos andam colocados meio de lado. Precisamos cuidar melhor disso.
bj

Mª Teresa disse...

Patrícia, este assunto tira "do sério" a todos nós, porque, de uma forma ou de outra é a nossa história, pelos que amamnos e pelo que seremos ou já somos. Compreender é se colocar no lugar do outros, mas é difícil, ainda mais no lugar dos idosos. É importante ver o mundo pela ótica deles. Para tornar as suas vidas mais felizes, e as nossas também. Obrigada pelo comentário, bj

Postar um comentário