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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Um sentido para os jovens delinqüentes

Por Rafael Carneiro Rocha

A delinqüência juvenil atinge até mesmo os filhos da elite. Queremos causas e queremos soluções, mas a causa do rico, essencialmente, é a mesma do pobre: direcionamento imperfeito da liberdade, numa concessão individual ao erro. É problemático culpar pais, sociedade e economia. Eu erro, porque eu escolho o erro. Claro que há formas de abrandar nossa consideração. É mais suportável compreender o delinqüente que fora espancado durante a infância pelo pai bêbado e subempregado, do que a indulgência para com o infrator filhinho de papai almofadinha. De qualquer forma, indulgências corriqueiras publicadas em artigos de jornal e projetos de lei parecem ser incapazes de vislumbrar as importantes causas e as melhores soluções.

Precisamos de sentido para as nossas vidas. É uma sede tão intensa, que pode ser confundida com violência diante das nossas fraquezas. Mas essa ânsia pode ser positiva. Precisamos de conquistas repletas de poesia e aventura para as nossas vidas. Sem sentido, nossa sede de conquista é violência; com sentido, nossa sede de conquista é civilização.

A beleza do sentido está na transcendência, na descoberta de uma alteridade que enamora o homem. A civilização pode não dar certo por fraqueza do homem, mas o sentido nunca está errado. Descobrir esse sentido, dar sentido à vida, ainda que ela pareça uma experiência difícil, é o grande mote da existência social.

Nossos jovens não precisam de mais horas na escola. Nossos jovens, nem sempre, podem se dar ao luxo de confortos e carinhos paternos. Nossos jovens delinqüentes precisam, apenas, de sentido. Um sentido sincero, sem sentimentalismos e sem indulgências desnecessárias. Sentido de pessoa para pessoa.

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