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segunda-feira, 7 de março de 2016

Transição profissional - de Física Nuclear a dona de casa e avó

Por Lilian Rose Sobral da Costa

Ao longo dos meus 37 anos de trabalho, eu cuidei da minha casa, e de meus três filhos, mas sempre tendo alguém que me ajudasse; no inicio meus pais e depois empregadas. Entretanto nos fins de semana e feriados não contava com ninguém, somente eu mesma. Sempre fui muito pratica e organizada, mandava deixar comidas congeladas, e o tudo mais previamente preparado.

Como as crianças iam para o colégio de transporte escolar, não participei da tarefa de levá-los e busca-los na escola. Ficava fora de casa praticamente de 7 da manhã às 19h, considerando o tempo no transporte. Monitorava-os pelo telefone, e olha que naquela época não existia celular! Todos se transformaram em homens de bem, formados, e já constituíram suas famílias!

Um dos meus filhos mora comigo, ele a esposa dois netos e mais um a caminho. Meio a isso tudo a tão sonhada aposentadoria se concretizou: no final de dezembro!

No primeiro mês de aposentada me sentia como “um estranho no ninho”, tentando colocar as coisas do meu gosto, pois deixei tudo por conta dos que moram aqui. Não é fácil fazer mudanças; tive a sensação estranha de estar sobrando na minha própria casa! Aos poucos as coisas começam a se aclimatar, e estou conseguindo, dizer o que gosto ou não, quanto às comidas, e outras coisas!

O bom de isso tudo é ver que já estão começando a se acostumar com a minha presença em casa! As crianças estão se acostumando que eu as leve e busque na escola, (ainda travo um pouco de luta para colocar o mais novo na cadeirinha). O mais velho já senta e coloca o cinto de segurança sem problemas, sentindo-se o chefe da turma. Ele entendeu que não vou mais trabalhar diariamente; às vezes fala que eu deveria voltar a trabalhar, para poder ganhar dinheiro para comprar muitos brinquedos para ele! Pois digo que agora aposentada não ganho dinheiro, e não posso comprar os brinquedos caros que ele pede!

Está sendo uma nova vida, novas tarefas, que nem da para sentir falta do trabalho, sinto falta dos amigos, dos almoços alegres. Mas não sinto nenhuma falta de acordar cedo!
O engano foi pensar que teria muito tempo pra mim, passear, ir ao cinema, viajar, etc...
Faço tudo correndo!

As atividades de uma vó aposentada são muitas! Mas as alegrias também são inúmeras: quando um se deita em cima da minha perna e diz, “vovó é tão fofinha é gostosa para deitar”, a gente morre de rir; as discussões ao voltar do colégio, pois ele quer uma irmãzinha, mas vem outro menino, eu explico que papai do céu é quem escolhe e sabe o que é melhor para ele, que um irmão vai brincar com ele de bola e de carrinho, mas nenhum argumento o convence!

Minha vida girava mais em torno do trabalho, agora gira em torno da família e dos amigos, que graças a Deus os cultivei sempre!

Física nuclear, quem é? Já nem me lembro mais!!! Ainda tenho mais outro neto, que não mora comigo, mas as vezes precisa também desse carinho da vovó.!

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