Por Rafael Carneiro da Rocha
No dia a dia, eu escuto relatos de pessoas que criam mecanismos de certa forma razoáveis para justificar aflições.
Podemos citar o exemplo de alguém que planeja uma vingança, ou descontar um mal sofrido. Fulano deita na cama e se amargura porque foi maltratado. Seu pensamento se aprimora quando, no encadeamento das associações, ele descobre de forma racional que não poderia jamais passar por tal situação. Para este sujeito, é razoável pensar em alguma forma de reparar o mal que sofreu. Porém, no razoável esquema mental dele, aquela dor só poderá ser reparada com algum tipo de violência. É preciso que o outro sofra na pele o mal que causou para, no jogo plausível da causa e consequência, os esquemas da razoabilidade humana serem completados.
As relações entre homens são quase todas elas mediadas por essas tentativas de vinganças. É por isso que o mundo, muitas vezes, pode ser descrito como um vale de lágrimas. Pouca gente tem o esclarecimento de que a violência só deixa de afligir o ser quando ela é interrompida no gesto do autossacrifício. É um esclarecimento difícil para muitos, porque se não houver uma forte disposição de ter caridade, o indivíduo pode somatizar a violência para si em ressentimentos ou mesmo em doenças.
Nessas dores tão comuns da vida de todos, eu diria que uma das grandes lições de Cristo ainda é uma novidade para o mundo. Algo quase inédito, que precisa ser descoberto com bastante carinho. Saber amar os inimigos não é, necessariamente, manter relações afetuosas com eles; mas buscar com eles uma empatia pelo fator humano que nos torna semelhantes. Do mesmo modo que eu já errei com outros, as pessoas também podem errar comigo. E da mesma forma que fico contente com o perdão dos outros, eu posso fazer o bem com o gesto de perdoar.
terça-feira, 29 de junho de 2010
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3 comentários:
Dizem que a vingança é boa comendo fria e pelas bordas, isso é muito ruim.
Faz mal tanto para quem sofre como para quem se vinga.
É verdade, Odete. Talvez exista um "prazer" temporário no ato de vingar, mas as consequências futuras são sempre dolorosas.
A vingança, e o rancor embutido nela, é um veneno que vitima quem quer dá-lo ao outro. É o feitiço contra o feiticeiro. Muito boa a sua abordagem, Rafael, o mundo precisa de mais perdão e nenhuma vingança.
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