logo

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Evitando as armadilhas para os pais

Texto de Bruno Barretto
A missão de ser pai, embora com um enorme potencial de alegrias e realizações, traz consigo grandes desafios. Infelizmente, espontaneidade e boa vontade não são o bastante. É preciso vontade real de aperfeiçoamento; clareza quanto à natureza das relações pais-filhos e, sobretudo, entrega total, constante e discreta.
Vamos tentar descrever alguns dos erros notórios, através de pequenos perfis
que corresponderiam às armadilhas mais freqüentes, onde mesmo pais bem intencionados podem eventualmente ser apanhados.

O pai despótico – Coloca o princípio da autoridade acima de tudo, errando a mão e exagerando a dose. Seus surtos de “mandonismo” são temperados com altas doses de mau humor e nenhum espaço para réplicas. Está sempre certo, até quando estrondosamente enganado. Provoca ansiedade nos filhos, muitas vezes pânico e terror. Sua reação natural é a fuga do ambiente familiar para evitar os atritos e conflitos.



O pai exigente – Extremamente rígido com seus princípios e intransigente na conduta, exige dos filhos o que nem sempre querem, ou podem dar. Estes se sentem constantemente postos a prova, seus comportamentos são sempre reprováveis; as menores falhas adquirem a dimensão de fracasso. É um pai-juiz, mais condena do que perdoa. Gera nos filhos sentimentos de culpa, insegurança e inferioridade.


O pai superprotetor – projeta-se nos filhos, desejando que eles concretizem os sonhos que não realizou. Tenta eliminar esforço e o risco de suas vidas, em vez de ensiná-los a fazer uso sua liberdade. Suprime obstáculos, no lugar de ajudar a vencê-los. Paradoxalmente, o excesso de proteção produz filhos passivos perante a vida, sem espírito de iniciativa nem confiança.

O pai ausente – As justificativas podem ser o excesso de trabalho ou os seus muitos hábitos “paralelos” (o esporte, os compromissos sociais, a leitura dos jornais). No fundo, não é um pai sem tempo, mas um pai que não quer ter tempo. Os seus interesses pessoais não lhe deixam oportunidades para estar com os filhos, conversar com eles, dar-lhes apoio. Cria uma forte sensação de abandono e desorientação nos filhos, que buscam compensações para sua “solidão”.

O pai subornador – Muitas vezes trata-se de variação “culpada” do perfil anterior, procurando compensar sua ausência com presentes, dinheiro e a satisfação de todos os caprichos dos filhos. Estes vivem em abundância material, mas literalmente mortos de fome, no plano afetivo. Progressivamente, passam a desprezar aquilo que lhes vem tão facilmente, perdendo a noção de esforço e do mérito necessários para conseguir o que se deseja. O sentimento de desconfiança vai crescendo à medida em que se descobrem “comprados” pelo seu pai.

O pai amigão – Tem horror ao exercício da autoridade, nivelando-se com os filhos e tratando-os como colegas, parceiros. É um pai para as horas de lazer, para piadas, papos inconseqüentes. Não se abala com nada, minimiza os dramas e problemas dos filhos e até mesmo procura evitá-los. Incapaz de qualquer conversa profunda, vai perdendo pouco a pouco a admiração dos filhos e com ela, a confiança.

Obviamente, esses perfis descrevem os casos extremos. Vamos encará-los como armadilhas, sinais de perigo, que os pais conscientes deveriam evitar, ainda que às vezes pareçam soluções mais rápidas ou tentadoras para os problemas que surgem em nossa tarefa diária de construção da família. Afinal a paternidade é um constante aprendizado.

Um comentário:

Alberto disse...

Exagero! Não conheço nenhum pai assim! Sou um pai amigo sem ser amigão. E não vejo nada de mais em ser amigão.

Postar um comentário